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Falta de posicionamento ideológico de Tarcísio pode prejudicar projeto de sucessão a Bolsonaro
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo| Foto: Marcelo Aparecido Silva Camargo/Governo do Estado de SP

O índice de aprovação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) o coloca como um dos principais postulantes ao projeto da direita para sucessão a Jair Bolsonaro (PL) na disputa presidencial de 2026, principalmente caso este se torne inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A falta de um posicionamento ideológico de Tarcísio mais firme e alinhado às pautas bolsonaristas, no entanto, principalmente nos assuntos chamados "de costumes", pode prejudicar a sucessão a Bolsonaro junto aos apoiadores mais conservadores.

Nos últimos dias, o silêncio de Tarcísio vem desagradando sua base bolsonarista na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Entre os assuntos mais sensíveis está incluída a condução da Secretaria de Cultura e Economia Criativa por Marília Marton, que fez parte da Secretaria de Educação da gestão Fernando Haddad (PT). Entre as críticas, estão a presença de Marília na parada LGBT e a falta de um posicionamento mais contundente em relação à linha editorial da TV Cultura, visto como majoritariamente de esquerda.

Esses são apenas alguns dos pontos sobre os quais o governador paulista, acusado de ter sido eleito com os votos do bolsonarismo, tem sido mal visto pela falta de posicionamento. Há críticas também diante do silêncio sobre questões como o bloco que defende crianças trans na parada LGBT, a realização de tratamento hormonal para transição de gênero no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e a destinação de verbas para o Museu da Diversidade.

"O governador está continuando aquilo que a gente rejeitou. Qual é a opinião do governador sobre o Hospital das Clínicas, sobre o bloco trans? Qual é a opinião do secretário da Saúde? Acho que a proteção da infância, da adolescência e da juventude é uma prioridade", disparou à Gazeta do Povo o deputado estadual Gil Diniz (PL), que é próximo da família Bolsonaro.

"Se quiséssemos continuidade, teríamos votado no Garcia (PSDB). A gente não quer continuidade, a gente quer posicionamento. Quem quer agradar a todo mundo, não agrada ninguém".

Deputado estadual de São Paulo Gil Diniz (PL)

Alta aprovação de Tarcísio impede críticas mais abertas

Apesar dos políticos das alas mais conservadoras estarem insatisfeitos com o "muro" sobre o qual Tarcísio se colocou, eles temem criticá-lo mais abertamente devido ao alto índice de aprovação dele. Um levantamento feito pela Paraná Pesquisas mostrou que, de 1.208 eleitores do município de São Paulo, 65,3% aprovam a gestão de Tarcísio.

"As pessoas acham que criticá-lo é suicídio, mas quem nos elegeu foi o presidente Bolsonaro, o governador não nos deu um voto. Ele pode dar na próxima eleição, mas agora não deu voto nenhum a ninguém", diz Diniz.

Jair Bolsonaro e o voto de minerva

Assim como Diniz, os políticos ligados ao bolsonarismo afirmam que, apesar da insatisfação com o governo Tarcísio, seguirão o caminho para o qual o ex-presidente Jair Bolsonaro apontar. "Eu não apoio o Tarcísio por medo da popularidade dele, medo de fazer uma crítica e ser desgastado, não. Eu o apoio porque faço parte de um grupo que o apoia, que é o grupo do presidente Bolsonaro. Eu sou soldado", diz Diniz.

Apesar de estar prestes a se tornar inelegível pelo TSE e precisar do PL devido aos processos das quais é alvo, a força e a influência política do ex-presidente funcionam como uma bússola para seu exército se calar ou aclamar aqueles a quem escolhe apoiar.

Exemplo disso foi a publicação, no Twitter, que Valdemar Costa Neto fez a respeito do candidato que o PL irá apoiar nas eleições municipais de São Paulo. "O que eu penso para São Paulo é que não podemos ter um candidato de extrema direita. Mas quem vai decidir isso é o Bolsonaro".

Por isso, apesar de o "muro" de Tarcísio já manchar sua imagem junto aos políticos mais bolsonaristas, resta saber qual será a intensidade dessa mancha tanto para uma reeleição ao governo do estado quanto para um projeto de sucessão a Bolsonaro na disputa pela Presidência, que dependem especialmente do apadrinhamento político do ex-presidente.

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