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Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e de Goiás, Ronaldo Caiado, se encontram com familiares de sequestrados pelo Hamas em Israel.
Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e de Goiás, Ronaldo Caiado, se encontram com familiares de sequestrados pelo Hamas em Israel.| Foto: Hegon Correa/Divulgação Governo de Goiás

Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União), retornam ao Brasil na madrugada desta sexta-feira (22) após cinco dias de visita oficial a Israel. A viagem reafirmou apoio e solidariedade dos governadores ao país em detrimento às críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao governo de Israel.

O gesto vai ao encontro de ações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação a Israel, com quem intensificou as relações diplomáticas e os acordos comerciais de expertise e equipamentos militares.

Simbólica, a visita fortalece a imagem dos governadores como possíveis sucessores ao ex-presidente em 2026.

Em meio a tensões geopolíticas e desafios de segurança enfrentados por Israel contra o grupo terrorista Hamas, a visita enfatizou o apoio do Brasil ao país em um momento em que o governo Lula rompeu as relações diplomáticas entre os dois países, se tornando persona non grata.

O acirramento da briga diplomática entre Lula e Israel ocorreu principalmente depois de o presidente do PT comparar as ações de Israel em Gaza com o holocausto dos nazistas aos judeus. Durante a viagem, os governadores tiveram encontros com importantes figuras políticas israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente Isaac Herzog, nos quais expressaram compromisso com a região e retrataram a fala de Lula em nome dos brasileiros que apoiam Israel.

"Deixamos claro que [a declaração de Lula] foi uma fala infeliz".

Governador de Goiás, Ronaldo Caiado

"Amamos o povo brasileiro, e sabemos que ele nos ama também. Juntos, temos de construir a base para um mundo melhor", disse o presidente Herzog aos governadores. "Não estamos atacando o povo palestino. Estamos numa guerra contra o Hamas. Somos uma nação que ama a paz", complementou.

"Vocês são bons amigos de Israel, e estou muito contente em tê-los aqui", disse Netanyahu. Em audiência de portas fechadas na sede oficial do governo israelense, em Jerusalém, que durou cerca de uma hora, o primeiro-ministro detalhou os ataques sofridos por Isarel no último dia 7 de outubro, quando 1,2 mil pessoas foram mortas e outras centenas foram sequestradas.

Visita a locais históricos e homenagens aos mortos

A agenda de Tarcísio e Caiado em Israel incluiu visitas a locais históricos e instituições como o Museu do Holocausto e a sede da Israeli Aerospace Industries, líder mundial em aviação civil e militar e em desenvolvimento de tecnologia eletrônica. Houve também encontros com representantes de startups das áreas de mobilidade e acessibilidade e nos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores.

Os governadores estiveram no local conhecido como Praça dos Reféns, em Tel Aviv, onde parentes de sequestrados pelo Hamas mantêm homenagens contínuas às vítimas. Os governadores prestaram solidariedade à família de Michel Nisembaum, cidadão brasileiro-israelense mantido refém desde o ataque no dia 7 de outubro de 2023.

Ayala Harel, sobrinha de Nisembaum, disse que a família está sem notícias desde então. O encontro ocorreu durante um fórum com parentes de israelenses que estão em poder do grupo e que se mobilizam para que ações sejam tomadas em prol da libertação."Eu e Tarcísio nos colocamos à disposição para uma reunião dentro do Congresso Nacional, na comissão de Relações Exteriores, para ouvir depoimentos e que a embaixada de Israel possa levar aos parlamentares a barbárie praticada aqui", disse Caiado.

O governador de Goiás propôs ainda levar aos parlamentares brasileiros o vídeo apresentado pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) que compila em 47 minutos mais de sete horas de gravação do ataque de outubro de 2023. "É estarrecedor ver a alegria [dos terroristas] em matar e mutilar milhares de pessoas, algo que não se tem coragem de praticar contra nada nem ninguém, muito menos contra um ser humano", afirmou.

Tarcísio é ovacionado em discurso para comunidade brasileira em Israel

Houve, ainda, um encontro com a comunidade brasileira em Ra’anana, cidade no distrito central de Israel, distante cerca de 20 quilômetros da capital. O auditório com capacidade para 400 pessoas estava lotado e muita gente que queria participar precisou ficar de fora. Tarcísio foi ovaciado pelos presentes em discurso contra o Hamas e a favor de Israel.

"Se engana quem pensa que aquela turma dos terroristas do Hamas quer um Estado palestino, não querem. Está claro que eles querem a destruição de Israel, e esse é só o começo. E impressiona como o mundo, autoridades e líderes não tenham percebido o risco que nós corremos. Porque se eles tomassem conta dessa região, se Israel não estivesse aqui, a civilização ocidental ia acabar", disse ele.

"É impressionante, mas a harmonia mundial depende do Estado de Israel. É o Estado de Israel que vai impedir o avanço do terror e do terrorismo. E nós temos que estar juntos. Nós nunca tivemos dúvida de qual era o lado certo da história".

Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas

Caiado, por sua vez, declarou que o ódio cultuado contra judeus é preocupante e que Israel tem se dedicado "cada vez mais a construir a paz e mostrar que ela se faz com gestos de solidariedade". Sobre o atentado sofrido em 7 de outubro, contou ao presidente israelense que Goiás homenageou as vítimas com a recente inauguração do parque Am Israel Chai, em Goiânia. "Instalamos o primeiro memorial [fora de Israel], com 1,2 mil árvores plantadas".

Viagem de Tarcísio e Caiado a Israel repete gesto de Bolsonaro

Quando era presidente, Bolsonaro empreendeu uma série de iniciativas que resultaram em um fortalecimento significativo dos laços entre Brasil e Israel, tanto no âmbito diplomático quanto no comercial. Uma das principais medidas de Bolsonaro foi a abertura de um escritório comercial em Jerusalém, anunciada em março de 2019. Embora tenha sido inicialmente cogitada a transferência da embaixada brasileira para a cidade como um gesto de reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, essa decisão foi posteriormente suspensa, mantendo-a em Tel Aviv.

A visita oficial de Bolsonaro a Israel, também em março de 2019, marcou um ponto alto nas relações bilaterais. Durante a visita, o então presidente brasileiro também se encontrou com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e outras autoridades israelenses, resultando na assinatura de diversos acordos de cooperação em áreas como agricultura, ciência e tecnologia, segurança pública e defesa.

Além dos acordos comerciais, Bolsonaro manifestou publicamente apoio a Israel em questões políticas sensíveis, como a defesa do direito de Israel à autodefesa e a rejeição de resoluções da ONU consideradas prejudiciais aos interesses israelenses. Essa postura contribuiu para fortalecer laços políticos entre os dois países.

A cooperação em segurança e defesa também foi ampliada durante o mandato de Bolsonaro, com Brasil e Israel desenvolvendo exercícios conjuntos e expandindo a venda de equipamentos militares, além de treinamento de forças de segurança e troca de informações. Recentemente, Bolsonaro afirmou que pediria autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para atender o convite de ir a Israel, tendo em vista que o passaporte dele está retido desde fevereiro, quando a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação Tempus Veritatis.

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