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Pesquisa

14% das crianças de Curitiba são obesas

Levantamento com 114 mil alunos da rede municipal mostra que 33,7% estão acima do peso

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Hambúrguer, batata frita e refrigerante, sorvete de sobremesa e um joguinho de videogame para fechar o dia. Muitas crianças adorariam que essa se tornasse a rotina delas, mas liberá-las para fazerem só o que querem traz riscos para a própria saúde. A falta de exercícios físicos e alimentação inadequada, além de fatores genéticos, estão fazendo com que cada vez mais crianças apresentem sobrepeso. Uma pesquisa realizada pelo Programa Saúde na Escola (PSE) com 114 mil alunos na rede municipal de ensino de Curitiba revelou que 33,7% das crianças estão com excesso de peso. Desses, 14,2% já são considerados obesos.

INFOGRÁFICO: Veja os resultados da pesquisa do Programa Saúde na Escola

A endocrinologista pediatra Gabriela de Carvalho Kraemer, do Hospital Pequeno Príncipe, explica que a obesidade é uma doença crônica multifatorial. Além da questão cultural, do ambiente em que a criança está e seus hábitos de vida, atividade física e alimentação, ainda há o fator genético. "A mudança nos hábitos alimentares e de vida, como os exercícios físicos que deixaram de ser feitos, foram determinantes para o súbito aumento de peso no Brasil. A genética não muda tão rápido, é uma evolução de milhares de anos", pondera.

Segundo uma das coordenadoras do Programa Saúde na Escola, Daniela Mori Branco, os números envolvendo crianças são preocupantes. "A obesidade é um problema de saúde pública e temos de combatê-la", avalia. Esse não é um problema exclusivo de Curitiba, nem apenas do Brasil: é uma tendência mundial. "A meu ver, não é só a questão econômica, mas o hábito de comer em casa, a alimentação saudável em família. As crianças muitas vezes comem bem na escola, mas em casa o hábito não é correto", pontua.

Reeducação

Para tentar combater esse problema, o PSE tem realizado atividades de promoção de novos hábitos, prevenção e encaminhamento para tratamento em um ambulatório na capital. Um desses é o da UniBrasil, que recebe os pequenos pacientes para atendimento nutricional. A nutricionista Edilceia Domingues do Amaral Ravazzani, responsável pelo Ambulatório de Crianças e Adolescentes de nutrição da UniBrasil, conta que é preciso traçar estratégias para que o tratamento dê certo. "Mudar hábitos não é uma tarefa fácil, pois exige comprometimento do paciente e principalmente da família. As mudanças não atingem apenas a alimentação, mas também hábitos de vida", diz.

Gabriela endossa esse tipo de tratamento. "Não dá para querer que a criança mude sozinha. A família inteira precisa mudar", orienta. E essa mudança não envolve nenhuma dieta radical ou mirabolante: é a simples reeducação alimentar. "Se fizer uma dieta radical, a criança vai perder peso até rápido, mas engorda de novo. É preferível não proibir, mas limitar as coisas", explica a endocrinologista.

Vulneráveis

Sobrepeso eleva risco de diabetes e doenças cardiovasculares

Uma criança acima do peso tem mais chance de se tornar um adulto obeso. De acordo com a endocrinologista pediatra Gabriela de Carvalho Kraemer, crianças com menos de 10 anos e com um quadro de obesidade têm 50% de chance de tornarem-se adultos obesos. Se o sobrepeso persiste na adolescência, essa probabilidade aumenta para 80% "Quanto mais nova a criança e mais cedo foi feita a interferência, maior a chance de reverter essa obesidade", explica.

A nutricionista Edilceia Domingues do Amaral Ravazzani, da UniBrasil, alerta que além das chances de tornarem-se adultos acima do peso, as complicações relacionas à obesidade também aparecem antes nas crianças. "Atualmente, cerca de 60% das crianças entre 5 e 10 anos apresentam pelo menos um fator de risco para doenças cardiovasculares e 20% apresentam dois ou mais fatores de risco", alerta.

Além do coração e diabete, as crianças podem sofrer ainda mais com problemas ortopédicos, principalmente na coluna e quadril. Para os pequenos com o esqueleto em formação, esse sobrepeso é ainda mais prejudicial.

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