As embalagens de refrigerantes podem passar a ter advertências, como as presentes em maços de cigarros, sobre os malefícios à saúde, entre os quais o câncer. A medida será adotada se for aprovado um projeto do senador Jayme Campos (DEM-MT), que tramita no Senado. A proposta tem como base pesquisas sobre a redução do consumo de cigarros após o início da utilização de frases e imagens nos maços, ilustrando os perigos. A proposta deverá ainda passar por duas comissões no Senado, para então ir à votação em plenário.
Segundo o projeto, os refrigerantes colocam a saúde em risco quando consumidos em demasia.Para especialistas em saúde, é considerado excesso beber mais de três copos (250 ml) de refrigerante ao dia; o tolerável é até uma lata por dia (350 ml) e se torna compulsivo a partir de 2 litros por dia. O alerta é que a bebida não faça parte da alimentação diária. "Há substitutos mais saudáveis, como sucos naturais, água, água de coco e chás", afirma a nutricionista Larissa Bussolaro, do Núcleo de Estudos Oncológicos.
Zero, diet e light
Enquanto os refrigerantes regulares têm de 140 a 160 calorias por lata (350 ml), os diet, light e zero têm entre 0 e 20 calorias. A ausência de açúcar nas fórmulas é substituída por adoçantes que contêm sódio (sacarina sódica e o ciclamato de sódio). Dessa forma, transformam-se em veneno no organismo de pessoas hipertensas. O problema pode se agravar e levar a enfarte e derrame. Ingerido em excesso, esses adoçantes causam inchaço. "Ao contrário do que pensam, o sódio não engorda. Na verdade a pessoa retém líquido e, por isso, fica mais inchada", diz a nutricionista Larissa Bussolaro. No caso de refrigerantes, ser diet, light ou zero não indica diferenças nutricionais significativas. A diferença entre as terminologias está no tipo e na quantidade de adoçantes utilizados.
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Atenção redobrada
Saiba quais são os pontos polêmicos sobre a bebida:
Acidez
Não há estudos que apontem que a acidez do refrigerante cause problemas estomacais. Mas para quem já tem gastrite é um dos primeiros itens cortados da dieta. A cafeína, presente em refrigerantes à base de cola e guaraná, aumenta as secreções gástricas.
Celulite
O açúcar predispõe à formação de celulite. O grau de agressão varia, dependendo de alguns fatores, como genética familiar, tipo de alimentação e estilo de vida.
Dentição
O açúcar provoca cáries. Mas risco pior é de desgaste dos dentes, por causa do baixo pH do refrigerante. Ao perder a primeira camada (esmalte), a dentina (tecido sensível ligado ao nervo) fica exposta, o que provoca muita dor. A solução vai desde restauração com resina até tratamento de canal. O líquido também pode manchar levemente os dentes, principalmente se for à base de cola.
Alergias
Alguns corantes são alergênicos para crianças, como os encontrados em refrigerantes à base de laranja. Um deles é o amarelo tartazina, que pode provocar asma, bronquite e urticária. Outro é o amarelo crepúsculo, proibido na Europa, acusado de provocar aumento de hiperatividade. No Brasil não existem restrições quanto ao uso desta substância.
Massa óssea
Refrigerantes à base de cola contêm ácido fosfórico, que rouba cálcio do organismo provocando perda de massa óssea. Em pessoas mais velhas pode resultar em osteoporose. Para os mais novos, prejudica o processo de crescimento.
Obesidade
O gás ajuda a dilatar o estômago, que solicitará mais comida. Além disso, os refrigerantes têm alta taxa de açúcar (50 gramas por litro), que provocam o aumento de insulina no organismo, o que contribui para o processo de formação de gordura e diabete tipo 2. Ele é um dos vilões da obesidade infantil.
Câncer
No caso dos obesos, a geração de muita insulina altera os hormônios sexuais, aumentando a incidência de câncer, principalmente de mama, próstata e intestino. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor aponta a presença de benzeno (substância cancerígena) em refrigerantes com suco de laranja e limão. O benzeno é resultado da combinação de benzoato de sódio, vitamina C e altas temperaturas (acontece quando é mal conservado depois de engarrafado).
Fontes: Rogério Agulham, cirurgião-dentista do Centro de Estética Oral Paraná; Larissa Bussolaro, nutricionista do Núcleo de Estudos Oncológicos; e Grace Maria Wille, farmacêutica industrial e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), especialista em Tecnologia de Alimentos e Nutrição Humana.
