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Entenda melhor a apnéia e faça um teste para saber se você tem sonoência excessiva |
Entenda melhor a apnéia e faça um teste para saber se você tem sonoência excessiva| Foto:

Associada à obesidade e ao envelhecimento, a apneia obstrutiva do sono tem repercussões sociais e econômicas. Da­­dos da Sociedade Brasileira do Sono mostram que pacientes com o problema têm de quatro a sete vezes mais risco de sofrer acidentes do que alguém que dorme bem. Além disso, as paradas respiratórias causadas pela obstrução da garganta repercutem no organismo. Quem sofre de apneia tem duas a três vezes mais chance de de­­senvolver hipertensão arterial e duas a quatro vezes mais risco de sofrer de arritmias cardíacas. Sem falar nos prejuízos sociais causados pela doença, como a irritabilidade, depressão e até mesmo desentendimentos com o cônjuge, uma vez que o ronco é uma das principais manifestações do problema.

Dados de um estudo epidemiológico feito pelo Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontam que 32,8% da população da cidade de São Paulo sofre com apneia do sono. A maioria do sexo masculino. Estima-se que a doença afete aproximadamente 10% das mulheres e 25% dos homens.

Alerta

Independentemente do sexo, no entanto, a maior parte dos pacientes segue sem diagnóstico. A estimativa é que entre 85% e 95% dos que têm a doença não saibam. E não porque o diagnóstico seja algo complexo. Muitas vezes a dificuldade está na falta de conhecimento dos médicos ou nos próprios pacientes, que subestimam o problema e não reconhecem ter a qualidade do sono afetada. "Tenho pacientes que dizem dormir tão bem que dormem em qualquer lugar. Mas aí que está o problema. Se ele está com esse sono todo é porque não tem um sono reparador", afirma o pneumologista do La­­boratório do Sono do Instituto do Coração (Incor), Geraldo Lorenzi Filho. Além disso, não são muitos os locais habilitados a realizar a chamada polissonografia (exame que analisa os despertares, a respiração e movimentos durante o sono). Em São Paulo, a fila para fazer um exame desses no Ins­tituto do Sono da Uni­ver­sidade Federal de São Paulo é de em média dois meses para pa­­cientes particulares ou de convênio e chega a até dois anos e meio para os que dependem do SUS.

Sem o diagnóstico, o paciente pode passar anos respirando de forma inadequada enquanto dorme. A sobrecarga cardiorrespiratória, provocada pelas paradas na respiração, acarretam uma séria de consequências no organismo: sonolência, dificuldade de concentração, depressão, dores de cabeça ao despertar são alguns dos sintomas da doença. "O paciente tem o sono fragmentado. Ele não alcança as fases do sono que são reparadoras e por isso não descansa", explica a neurologista e neurofisiologista habilitada em polissonografia, do Hospital de Clí­nicas da Faculdade de Me­­dicina da USP, Rosana Cardoso Alves.

Ao longo do tempo, a falta temporária de oxigenação leva a problemas mais graves, como o risco aumentado de doenças cardiovasculares (hipertensão, enfarte, acidente vascular cerebral) e até mesmo diabete. "Quando o paciente deixa de respirar, cai o oxigênio no sangue. Para tentar recuperar isso, o organismo libera hormônios, como a adrenalina, e a pressão arterial sobe. Por isso, pacientes que sofrem de apneia às vezes enfartam dormindo", explica o cardiologista do Incor e especialista em Medicina do Sono, Rodrigo Pedrosa.

Tratamento

Algumas medidas simples como perder peso, praticar exercícios físicos, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e tabaco ou dormir de lado são capazes de reduzir a ocorrência da apneia. No entanto, em ca­­sos mais graves, pode ser necessário algum tipo de tratamento mais específico.

Para alguns pacientes, o uso de aparelhos orais, como o reposicionador mandibular ou o retentor lingual, podem ser uma alternativa. Nos casos mais graves, é indicada a terapia de pressão positiva de ar nas vias aéreas. O método consiste na aplicação de uma corrente de ar positiva contínua por meio do uso de um compressor e de uma máscara nasal. "Essa corrente alivia a pressão na garganta, liberando a passagem de ar. Com isso, o pa­­ciente respira adequadamente e deixa de roncar", explica a pneu­­­mologista do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Lia Bitten­court. O uso do equipamento precisa ser feito todas as noites, caso contrário as apneias voltam a ocorrer. Existe ainda a opção da cirurgia, mas que devido aos riscos e à evolução das terapias menos invasivas, tem sido cada vez menos indicada.

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*A repórter viajou a São Paulo a convite da Phillips.

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