
A nanotecnologia dada sua altíssima precisão tem grande potencial para revolucionar a área da saúde nos próximos anos. Considerada pelos técnicos como uma ferramenta, vem sendo utilizada há mais de 30 anos em cosméticos e remédios que estão nas prateleiras de farmácias. Agora ela está sendo aplicada em estudos com fármacos direcionados a partículas com capacidade de destruir tumores, por exemplo.
A definição clássica da nanotecnologia se refere ao tamanho em que é feito o controle da matéria: são dimensões entre 0,1 a 100 nanômetros (medida que equivale a um bilionésimo de metro). A nanotecnologia proporciona uma precisão maior, tendo em vista que trabalha com partículas muito pequenas. No caso da aplicação a sistemas biológicos, farmacêuticos e médicos, a extensão é mais abrangente. "Ela se torna o desenho, a caracterização e a aplicação de estruturas, dispositivos e sistemas manipulados nessa escala, produzindo materiais com pelo menos uma característica ou propriedade nova ou superior", explica Nelson Eduardo Durán Caballero do Instituto de Química da Unicamp.
As produções na área da saúde ainda são incipientes, mas já têm apresentado resultados promissores. "Um exemplo é a nanopartícula magnética, que responde a um campo magnético externo para ser conduzida ao alvo. Lá ela é aquecida, entre 5 a 8 graus, podendo destruir células tumorais", explica Zulmira Guerrero Marques Lacava, diretora do Centro de Nanociência e Nanobiotecnologia da Universidade de Brasília (UnB). Segundo os estudos que ela tem conduzido, a eficácia da nanopartícula é de 66%.
Remédios que atingem diretamente a área a ser tratada são uma das possibilidades mais trabalhadas na aplicação da nanotecnologia à saúde. "Isso pode ser essencial no tratamento de câncer. Com a entrega da droga diretamente ao alvo, efeitos colaterais são diminuídos, pois o fármaco não afeta todo o corpo", diz Zulmira. Para Caballero, esse uso da ferramenta é um fato, mas há uma preocupação. "Neste momento, é preciso saber exatamente a toxicidade desses medicamentos a longos períodos."
Para os especialistas, não existem mais limites, pois o potencial da nanotecnologia é enorme. "A história da ferramenta é longa, pois temos vestígios dela desde 2 mil anos atrás. Mas, nos últimos 30 anos, a base teórica dada pela física se fortaleceu e a partir de agora as possibilidades só aumentam", diz o professor adjunto do Instituto de Ciência e Tecnologia da Unifesp Silvio Eduardo Duailibi.
O professor também destaca uma frase de Raj Bawa, especialista em nanotecnologia norte-americano. "Segundo ele, a nanotecnologia é a mais nova e recente expressão da criatividade humana. Se usarmos a inteligência e a criatividade, sem dúvidas, as possibilidades são infinitas."



