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Cardiomiopatia dilatada é a principal causa de transplantes de coração

Condição de personagem de Reinaldo Gianecchini na novela Em Família acomete até cinco milhões de brasileiros

Na Santa Casa, enquanto Bruno Tavares espera fazer um transplante de coração | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Na Santa Casa, enquanto Bruno Tavares espera fazer um transplante de coração (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)
Gerson Barbalho passa por múltiplos exames para ver se operação também será necessária no seu caso:

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Gerson Barbalho passa por múltiplos exames para ver se operação também será necessária no seu caso:

Quem assiste à novela das nove Em Família, na Rede Globo, viu o personagem de Reinaldo Gianecchini, Cadu, chegar a um diagnóstico grave a partir de uma demonstração de cansaço excessivo em uma caminhada na praia com o filho. A condição de Cadu, a cardiomiopatia dilatada (CMD), tem sua razão para estar na novela: é a principal razão para pedidos de transplante de coração hoje em dia, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) – cerca de 50% dos casos.

INOGRÁFICO: Veja os sintomas da Cardiomiopatia

As cardiomiopatias caracterizam-se por uma alteração nos músculos do coração. No caso da CMD, que se estima afetar entre quatro e cinco milhões de brasileiros, o músculo, geralmente do ventrículo esquerdo, se dilata e se torna mais fino, dificultando o bombeamento do sangue para o restante do corpo. Conforme a doença progride, outras áreas do órgão ficam comprometidas, o que acarreta uma insuficiência cardíaca. Se não diagnosticada e tratada de maneira eficiente, pode levar a um quadro terminal. A estimativa é que, nesse estágio, 70% das pessoas acometidas com a irregularidade cardíaca morram em menos de um ano.

De acordo com a cardiologista Lídia Ana Zytynski Mou­ra, coordenadora do curso de medicina da Pontifícia Universidade Católica do Para­ná (PUCPR), o principal sintoma da doença é a dispneia, ou seja, a falta de ar. "Ela vai gradativamente piorando, começa com grandes esforços e vai se manifestando em médios e pequenos esforços. A pessoa tem falta de ar quando se deita, e pode ocorrer inchaço nas pernas e no abdome", explica. Outros sintomas, como arritmia cardíaca, edema pulmonar e sopro no coração, provocado pelo mau funcionamento das válvulas cardíacas, também estão associados à condição. O diagnóstico, ela explica, é realizado por uma série de exames, como testes laboratoriais, eletrocardiograma, ecografia e radiografia.

Mesmo assim, o transplante de coração é apenas o último recurso, de acordo com o coordenador do departamento de transplante de coração da ABTO, Alfredo Fiorelli. "O transplante é indicado apenas quando o músculo estiver muito deteriorado e não existir mais nenhum outro tratamento eficiente. É possível tratar a cardiomiopatia com remédios, com ponte de safena e com troca de válvulas coronárias. O transplante é restrito a um número pequeno de doentes, porque a maioria não caminha para um quadro terminal", afirma.

As muitas faces da CMD

Entre as principais causas conhecidas do distúrbio estão doenças coronárias, infecções virais e bacterianas, doença de chagas, alcoolismo e doenças da tireoide. Por este motivo, diz a cardiologista Lídia Moura, prevenir as doenças que podem levar à CMD é fundamental.

A progressão da doença também é irregular, segundo o coordenador do departamento de transplante de coração da ABTO, Alfredo Fiorelli. "Existem tanto os pacientes que convivem com a doença de maneira assintomática quanto aqueles que apresentam uma progressão, que pode ser de meses ou anos".

O padeiro aposentado Gerson Barbalho, de 49 anos, teve uma progressão lenta da doença. "Tive um desmaio uma vez, em 1999, e comecei a ter alteração de pressão e sentir falta de ar depois disso. Ficava um tempo ruim, passava semanas sem comer e sem conversar, porque não tinha fôlego para nada", conta. Há dois dias na Santa Casa de Curitiba, nunca conseguiu descobrir o que causou sua CMD, e, enquanto espera para saber se será ou não indicado para o transplante, passa a maior parte dos dias na cama, por falta de disposição. "Eu procuro não esquentar a cabeça com isso, mas me dá saudade de ser saudável", diz.

Bruno Tavares, de 24 anos, descobriu sua cardiomiopatia há dois anos com uma dor no estômago. Sem conseguir dormir e comer, procurou um médico que confirmou o diagnóstico. "Demorei uma hora para caminhar uma quadra. Foi aí que eu vi que estava mal. Os médicos dizem que meu coração está muito mais debilitado do que deveria estar para a minha idade". Com recaídas eventuais, e sem fazer esforço algum, ele está internado há dois meses na Santa Casa, aguardando pelo transplante.

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