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Criança do Sul é a que mais usa chupeta

Embora acalme os bebês, o acessório pode provocar o desmame, problemas respiratórios e deixar os dentes tortos

Chupeta comum com o bico arredondado e a ortodôntica, com formato achatado: segunda opção é a menos  prejudicial | Antonio Costa/GP
Chupeta comum com o bico arredondado e a ortodôntica, com formato achatado: segunda opção é a menos prejudicial (Foto: Antonio Costa/GP)
Veja o comparativo do uso de chupeta entre crianças nas capitais da Região Sul nos últimos nove anos |

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Veja o comparativo do uso de chupeta entre crianças nas capitais da Região Sul nos últimos nove anos

Metade das crianças curitibanas com até um ano de idade usam chupeta, segundo dados de uma pesquisa divulgada em agosto pelo Ministério da Saúde. Embora no Brasil o uso tenha diminuído 15% em nove anos, a Região Sul é o local que ainda tem o maior número de crianças com o hábito.

Segundo Elsa Guilgliane, coordenadora da área da saúde da criança e aleitamento materno do Ministério da Saúde, o índice elevado no sul está ligado à questão cultural – as filhas seguem a recomendação das mães e continuam dando a chupeta quando o bebê nasce. O grande número de mulheres que trabalha fora também contribui para essa estatística. "A pouca disponibilidade de tempo para acalmar o bebê faz com que elas optem por este recurso."

Mas para os pediatras não há dúvidas: o ideal é que os pais não ofereçam chupeta para o filho, pois além de provocar complicações na dentição e na respiração, ainda desestimula o aleitamento materno. De acordo com a pediatra da Paraná Clínicas, Andrea Oliveira Canella, o correto é nunca oferecer à criança. "O uso provoca o afastamento do osso maxilar para frente e eleva o céu da boca, o que pode atrapalhar a respiração e a fala". O principal problema é que ela interfere na amamentação. Com o produto, a criança aprende a fazer um movimento de sucção que não serve para ser usado no seio da mãe.

Segundo Andrea, o movimento feito com a língua para tomar o leite materno é o de chicote. Quando a criança acostuma com a chupeta, ela aprende a fazer o movimento de mordida. Na hora de mamar no seio da mãe, repete esse movimento, o que dificulta a saída do leite. "Ao usar a chupeta a criança se exercita, cansa e fica sem força para sugar."

A funcionária pública Melissa Reichen conta que tentou dar a chupeta à filha Julha, hoje com 1 ano e 4 meses, apenas uma vez, ainda na maternidade. "Depois que soube que o hábito poderia antecipar o desmame, desisti. Ela mama no peito até hoje."

Mesmo que os dentes do bebê não tenham nascido, a chupeta pode deixá-los tortos e fazer com que a criança precise, no futuro, de aparelho ortodôntico. A ortodontista Adriana Costacurta diz que para não prejudicar a dentição, a criança pode chupar, no máximo, até os 2 anos.

Segundo ela, se não tiver outro jeito, o ideal é escolher a ortodôntica, que tem o bico com formato achatado. "É importante comprar o tamanho adequado para a idade da criança. Isso dá para ver na embalagem", explica.

Tempo certo

Para os pais que deram a chupeta e pensam em tirar é preciso alguns cuidados. A psicóloga e professora da Tuiuti, Jurandi Sena Freitas, diz que a retirada deve ser feita lentamente, sempre trocando por alguma coisa, como um brinquedo que distraia a criança. "Não se deve usar nenhum método traumático, como colocar pimenta, por exemplo. Para a criança é uma fase difícil, os pais têm que fazer a retirada com calma."

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