
Metade das crianças curitibanas com até um ano de idade usam chupeta, segundo dados de uma pesquisa divulgada em agosto pelo Ministério da Saúde. Embora no Brasil o uso tenha diminuído 15% em nove anos, a Região Sul é o local que ainda tem o maior número de crianças com o hábito.
Segundo Elsa Guilgliane, coordenadora da área da saúde da criança e aleitamento materno do Ministério da Saúde, o índice elevado no sul está ligado à questão cultural as filhas seguem a recomendação das mães e continuam dando a chupeta quando o bebê nasce. O grande número de mulheres que trabalha fora também contribui para essa estatística. "A pouca disponibilidade de tempo para acalmar o bebê faz com que elas optem por este recurso."
Mas para os pediatras não há dúvidas: o ideal é que os pais não ofereçam chupeta para o filho, pois além de provocar complicações na dentição e na respiração, ainda desestimula o aleitamento materno. De acordo com a pediatra da Paraná Clínicas, Andrea Oliveira Canella, o correto é nunca oferecer à criança. "O uso provoca o afastamento do osso maxilar para frente e eleva o céu da boca, o que pode atrapalhar a respiração e a fala". O principal problema é que ela interfere na amamentação. Com o produto, a criança aprende a fazer um movimento de sucção que não serve para ser usado no seio da mãe.
Segundo Andrea, o movimento feito com a língua para tomar o leite materno é o de chicote. Quando a criança acostuma com a chupeta, ela aprende a fazer o movimento de mordida. Na hora de mamar no seio da mãe, repete esse movimento, o que dificulta a saída do leite. "Ao usar a chupeta a criança se exercita, cansa e fica sem força para sugar."
A funcionária pública Melissa Reichen conta que tentou dar a chupeta à filha Julha, hoje com 1 ano e 4 meses, apenas uma vez, ainda na maternidade. "Depois que soube que o hábito poderia antecipar o desmame, desisti. Ela mama no peito até hoje."
Mesmo que os dentes do bebê não tenham nascido, a chupeta pode deixá-los tortos e fazer com que a criança precise, no futuro, de aparelho ortodôntico. A ortodontista Adriana Costacurta diz que para não prejudicar a dentição, a criança pode chupar, no máximo, até os 2 anos.
Segundo ela, se não tiver outro jeito, o ideal é escolher a ortodôntica, que tem o bico com formato achatado. "É importante comprar o tamanho adequado para a idade da criança. Isso dá para ver na embalagem", explica.
Tempo certo
Para os pais que deram a chupeta e pensam em tirar é preciso alguns cuidados. A psicóloga e professora da Tuiuti, Jurandi Sena Freitas, diz que a retirada deve ser feita lentamente, sempre trocando por alguma coisa, como um brinquedo que distraia a criança. "Não se deve usar nenhum método traumático, como colocar pimenta, por exemplo. Para a criança é uma fase difícil, os pais têm que fazer a retirada com calma."




