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Saúde

Curitibano não entende check-up

Conforme levantamento encomendado pela Fundação Pró-Renal, 76% dos moradores da capital não sabem por que são realizados exames de urina e quase 70% desconhecem a importância do hemograma

José Carlos, 56 anos, faz check-up completo anualmente: “Graças a esses cuidados, consegui superar um câncer de próstata” | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
José Carlos, 56 anos, faz check-up completo anualmente: “Graças a esses cuidados, consegui superar um câncer de próstata” (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)
Confira quais são os exames de sangue e urina mais comuns pedidos |

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Confira quais são os exames de sangue e urina mais comuns pedidos

Você sabe o que quer dizer TSH, T4, PSA e EAS? Ou por acaso en­­tende como a alteração nos níveis de creatinina, albumina ou ureia pode afetar a sua saúde? Segundo um levantamento realizado pela Paraná Pesquisas, a pedido da Funda­ção Pró-Renal, a maioria dos curitibanos não sabe para que são realizados os exames de sangue e urina, usados para detectar alterações nos níveis de proteínas, hormônios e outras substâncias produzidas pelo organismo e que podem indicar diversos problemas.

Segundo o estudo, quase 90% dos curitibanos não entendem o que significam as alterações de TSH e creatinina. Outros 76% não entendem por que são realizados os exames de urina, e quase 70% desconhecem a importância de se fazer um hemograma.

Os dados também revelam que, embora 61% digam realizar exames médicos todos os anos, apenas 60% destes acertaram quando foram perguntados para que serve o exame de colesterol, um dos mais pedidos.

O hematologista Selmo Minu­celli, do laboratório Frisch­mann Aisengart, diz que se surpreendeu com o fato de mais de 60% das pessoas responderem que vão ao médico fazer check-up. Ainda de acordo com a pesquisa, 77% dos entrevistados dizem ter passado pela consulta completa há menos de um ano. "Não acredito que esses números sejam condizentes com a realidade. Na minha opinião, não chega a 20% o nú­­mero de curitibanos que fazem um check-up anualmente", afirma. O médico lembra que a maior parte dos curitibanos não tem plano de saúde e, por isso, não teria acesso à avaliação completa. "Até mesmo os exames de rotina são difíceis de serem agendados."

O diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo Lopes de Oli­veira, explica que, como as perguntas eram respondidas de forma espontânea, por pessoas com diferentes graus de escolaridade, é provável que o termo check-up não tenha sido compreendido por todos da mesma maneira. "Muitos consideraram check-up a última consulta ou o último exame de laboratório que fizeram, o que justifica o número elevado", esclarece.

Quando perguntados sobre quais exames costumam realizar durante o check-up, percebe-se que muitos procedimentos importantes são negligenciados. Apenas 11% das mulheres responderam fazer o exame preventivo ginecológico periodicamente e só 4% citaram a mamografia. Já entre os homens, apenas 5% responderam ter realizado o exame de próstata durante a avaliação médica.

O engenheiro mecânico José Carlos Laurindo, 56 anos, foge à regra revelada pela pesquisa. Especializado em engenharia biomédica, sabe a importância de todas os exames e os realiza, religiosamente, todos os anos. "Faço check-up completo desde os 35 anos de idade e graças a esses cuidados, consegui superar um câncer de próstata", conta.

Falta de informação

Para o endocrinologista do Hos­pital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Cesar Luiz Boguszewski, a falta de conhecimento da maioria dos pacientes a respeito dos exames laboratoriais era esperada. "Tu­do depende da relação estabelecida entre médico e paciente. Existem muitos médicos que não têm o costume de explicar os procedimentos aos pacientes. E também muitos pacientes que não se interessam em perguntar", explica.

Já Minucelli acredita que a maioria das pessoas deseja entender a importância desses exames, mas que a falta de tempo dedicada às consultas e a pouca escolaridade de pacientes de baixa renda dificultam a disseminação da informação. "As campanhas de saúde do governo deveriam ser contínuas, mas os médicos também precisam fazer a sua parte", acredita.

Segundo Boguszewski, em­bora os check-ups sejam importantes para a prevenção e o controle de doenças, a recomendação dos exames deve ser cautelosa. "Os exames são complementares e servem principalmente para confirmar o diagnóstico de doenças assintomáticas, como problemas na tireoide e disfunções renais. Nada substitui uma boa conversa com o seu médico."

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Você costuma fazer check-up? Entende a importância dos exames e o que eles medem?

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