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Juventude

Distúrbios psíquicos surgidos na adolescência são os mais graves

Mudanças de humor e reações bruscas podem confundir os pais, escondendo sintomas de males como a depressão

José Mourinho teve o contrato renovado com o Real Madrid até 2016 | AFP
José Mourinho teve o contrato renovado com o Real Madrid até 2016 (Foto: AFP)

De acordo com estudos acadêmicos, a prevalência de doenças psiquiátricas na faixa etária da infância e da adolescência gira em torno de 10% a 15%, e quanto mais cedo os distúrbios se manifestam, mais graves elas são, afirma o psiquiatra e professor adjunto da Unifesp Rodrigo Bressan. Por isso, os pais precisam ficar atentos ao comportamento dos filhos: a alteração do modo de agir tão comum em adolescentes pode nem sempre ser algo tão normal como se pensa.

Conforme o psiquiatra e conselheiro fiscal da Sociedade Paranaense de Psiquiatria (SPP) Marco Antônio Bessa, situações exageradas de irritabilidade, isolamento social, afastamento da família e amigos são possíveis sintomas de que alguma coisa não vai bem e de que o adolescente está precisando de ajuda. "Se esses sintomas acabam impactando outras áreas, o isolamento ou a agressividade se tornam comuns, é momento de se preocupar", diz.

Foi o que aconteceu com Vitor*. Quando tinha 17 anos, a mãe, a assistente social Maria*, notou que o isolamento do menino não era comum. Aos poucos, o que seria apenas uma característica da personalidade dele se tornou uma justificativa para que Maria procurasse um especialista, que logo diagnosticou a depressão.

Após oito meses de tratamento com antidepressivos, Vitor se sentiu melhor e resolveu deixar de lado os remédios. Algum tempo depois veio a reação que a família não esperava. Em uma manhã, o adolescente levantou confuso, nervoso e agitado e, com um soco, esmiuçou o vidro da janela do seu quarto. "O soco no vidro foi a primeira reação dele. Depois disso, fui procurar ajuda psiquiátrica, e o médico identificou na hora que meu filho estava com transtorno obsessivo compulsivo e também com sintomas de esquizofrenia. Procurei ajuda imediatamente, logo depois do soco, porque sabia que aquilo não era normal", relatou a mãe.

Hereditariedade

O soco de Vitor tem ex­pli­cação. De acordo com o psiquiatra da Unidade In­termediária de Crise e Apoio à Vida João Luiz Martins, na maioria dos casos, pessoas com distúrbios mentais não têm consciência de suas reações nos momentos de crise, pois não conseguem perceber que não respeitam limites. Para ele, além de fatores ambientais, como morte dos pais, crises na família, bullying e estresse, o histórico familiar prevalece muito no desenvolvimento de um distúrbio. "Adolescentes com transtorno, muitas vezes, têm casos na família de alguma pessoa com patologia psiquiátrica, depressão, e isso com certeza contribui para que esse adolescente venha a ter um problema também."

Segundo a psiquiatra e integrante do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Trans­lacional em Medicina Clarissa Gama, filhos de pessoas com esquizofrenia têm 15 vezes mais chances de desenvolver a mesma doença do que os que não têm nenhum caso na família. Vitor pode servir de exemplo para explicar a influência genética na manifestação de problemas mentais, já que Maria sofreu de depressão quando era mais jovem. "Eu tive problemas, sofri de depressão. De uma certa forma, isso me ajudou com o Vitor porque conheço psiquiatras e não tenho preconceito contra os tratamentos. Muita gente acha que quem procura psiquiatra é louco, mas eu sei que não. Já passei por isso e não tive medo de buscar ajuda para o meu filho", relatou a mãe.

* Nomes fictícios

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Que tipo de estrutura os pais dispõem para auxiliar no diagnóstico de distúrbios mentais dos filhos adolescentes?

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