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Exercício na frente da televisão

Apesar de serem reconhecidos como ferramentas que estimulam a atividade física, simuladores não substituem o esporte real

Além do esforço virtual, os irmãos Sofia e Matheus Rocha também se exercitam ao ar livre | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Além do esforço virtual, os irmãos Sofia e Matheus Rocha também se exercitam ao ar livre (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)

Na semana passada, a Asso­ciação Americana do Coração (AHA) e a fabricante japonesa de videogames Nintendo anunciaram uma aliança para combater o sedentarismo e as doenças cardiovasculares. A partir de agora as caixas dos jogos dos modelos Wii, Wii Fit e Wii Sports terão um selo de aprovação da associação. O certificado já era adotado na embalagem de alimentos considerados saudáveis. Ao contrário de outros consoles de jogos, em que o jogador apenas aperta botões, o Wii exige a movimentação do corpo todo, pois simula partidas de esportes reais. Por causa disso, os jogos foram considerados pela AHA como uma ferramenta para promover a atividade física entre crianças e adolescentes que passam horas na frente da televisão ou jogando videogame. No entanto, os especialistas são unânimes em dizer que, embora esses jogos sejam mais interativos que os convencionais, eles não devem ser vistos como uma substituição da atividade física tradicional. Na opinião do professor e coordenador do curso de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Rodrigo Siqueira Reis, o videogame não tem os mesmos efeitos de um exercício físico real. "Um exercício ao ar livre exige muito mais e tem uma sobrecarga muito maior. No videogame, numa partida de tênis, por exemplo, você não corre como correria se estivesse em uma quadra, a raquete não tem o mesmo peso, a bola não tem a resistência do ar. Então não é a mesma coisa, o tipo de esforço, de reação e as contrações musculares são diferentes. O condicionamento físico proporcionado pelo videogame não é o mesmo do esporte", defende. Ele ressalta ainda que o jogo computadorizado não proporciona uma das mais valiosas características dos esportes reais que é a socialização. "No videogame você não tem a parte social do esporte, que está em interagir com outras pessoas", afirma.

Como na frente da televisão a sobrecarga é menor, o risco de lesões também é inferior ao existente quando se pratica um esporte real. Apesar disso, é recomendável fazer algum aquecimento ou alongamento antes de começar a jogar e fazer os movimentos na postura correta. Segundo especialistas, jogar por muito tempo aumenta o risco de lesões por causa dos movimentos repetitivos. "Já atendi crianças com tendinite e uma vez atendi um garoto que tinha quebrado o dedo jogando tênis no videogame. Ao fazer o movimento ele bateu a mão em uma prateleira", conta o médico ortopedista Evando José Águila Gois, do Hospital Pequeno Príncipe. "Tem a questão também de que praticando um esporte real, em geral, a criança vai estar orientada por um professor ou treinador e corre menos risco de se machucar", afirma.

Em relação ao condicionamento físico e o preparo cardiovascular, a médica chefe do serviço de eletrofisiologia cardíaca do Hospital Pequeno Príncipe, Lania Romanzin Xavier, explica que um jogo de videogame é capaz de acelerar a frequência cardíaca da mesma forma que uma atividade física. "A emoção e a tensão causadas pelo jogo podem elevar os batimentos cardíacos por causa da adrenalina liberada no organismo. Mas isso não significa que o jogo substitua os exercícios", explica.

Apesar das ressalvas, os especialistas são unânimes em dizer que os jogos virtuais podem funcionar como um estímulo para que crianças e adolescentes sedentários tenham um primeiro contato com uma modalidade esportiva e acabam se interessando em praticá-la na vida real.

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