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Saúde

Lições para controlar a gripe A

A pandemia pegou de surpresa até os médicos, que tiveram de aprender técnicas para tratar melhor os pacientes. Agora esse aprendizado deverá ser útil numa segunda onda da doença

Veja mais sobre as mortes ocorridas no Paraná |
Veja mais sobre as mortes ocorridas no Paraná (Foto: )
No Hospital de Clínicas da UFPR, equipe desenvolveu técnica para melhorar condições respiratórias do paciente, a partir da observação do que aumentava os riscos de morte |

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No Hospital de Clínicas da UFPR, equipe desenvolveu técnica para melhorar condições respiratórias do paciente, a partir da observação do que aumentava os riscos de morte

Deixar o paciente que se encontra em estado grave de barriga para baixo, suspender as aulas e usar o medicamento Tamiflu no início dos sintomas são ações que funcionaram no combate à gripe A (H1N1), a gripe suína. A eficácia dessas ações, no entanto, só foi descoberta, no Paraná, durante a pandemia, que teve seu período mais crítico em agosto de 2009. Com o aprendizado, especialistas esperam enfrentar melhor a nova onda da doença, que fez 285 vítimas fatais no estado.

Uma das descobertas foi feita no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná, que reservou a unidade de pronto-atendimento somente para pacientes com a nova gripe. O diretor da Unidade de Terapia Intensi­va do HC, Hipólito Car­raro Júnior, desenvolveu uma estratégia para melhorar a ventilação do pulmão dos pacientes em estado grave.

O tratamento era feito com um respirador (ventilador mecânico), que ajudava o pulmão doente a aumentar o nível de oxigênio no sangue. Só que o respirador forçava o pulmão e poderia machucar o órgão ainda mais, segundo o médico. Carraro Júnior lembra que, no início da pandemia, 60% dos doentes do hospital que foram para o respirador acabaram morrendo devido à nova gripe, por motivos diversos.

A equipe buscou, então, estratégias para proteger o pulmão. Passou a levar o paciente ao respirador em uma potência baixa. Depois, o doente ficava de barriga para baixo por 12 horas. "O corpo humano funciona melhor de barriga para baixo. A posição prona faz com que o pulmão funcione melhor e fique mais bem protegido dos danos", afirma o médico. Assim, a maioria dos pacientes não precisava passar novamente pelo respirador, dessa vez em uma potência alta.

Outro aprendizado foi na identificação de qual paciente precisava ser internado e de quem poderia ir para casa. Uma maneira encontrada para a triagem foi o uso do oxí­­metro, equipamento que era usado na UTI para acompanhar a regulagem do oxigênio. O oxímetro passou a ser usado também em postos de saúde para fazer o diagnóstico dos doentes que poderia ficar em estado grave, através da medição da quantidade de hemácias (células do sangue) com oxigênio.

Gestão

Para o poder público ficou o aprendizado de organizar o sistema. O secretário de Estado da Saúde, Gil­berto Martin, confirma que alguns insumos (soro, equipamentos de proteção de uso individual, produtos para a realização dos exames laboratoriais) tiveram de ser comprados às pressas durante a pandemia. Agora, o estado está providenciando a compra de R$ 1 milhão em insumos, para o enfrentamento da nova onda da gripe A.

Segundo o secretário, o en­­frentamento à doença no Paraná foi semelhante ao de outros estados, mas com mais polêmicas. "Acho que teve muitas opiniões subjetivas que, num determinado mo­­mento, criaram confusão. Isso não vi ocorrer muito em outros estados." Uma delas foi a decisão da Justiça para que torcedores de Cascavel usassem máscaras no jogo de futebol entre o Coritiba e o Santos, em agosto deste ano.

Para o infectologista Moacir Pires Ramos, membro do comitê de enfrentamento da gripe A de Curitiba, uma das grandes polêmicas na capital foi em torno do adiamento das aulas nas escolas. "Lem­bro que no primeiro mo­­mento havia acusação de que não fosse necessário." Segundo ele, a medida foi eficaz e diminuiu a incidência entre as crianças.

A segunda polêmica teve relação com o medicamento Tamiflu. A dúvida era sobre quem deveria usar a medicação. No começo, a indicação era restrita a pacientes graves ou em situação de risco. Em agosto, o protocolo foi flexibilizado. "Apren­demos a usar o medicamento mais cedo. Se o paciente tiver sinais claros de gripe, febre, tosse e dor de garganta, deve usar medicação."

Para o presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia, Alceu Pacheco Júnior, o principal aprendizado foi a utilização precoce do medicamento. "Isso foi o que marcou essa primeira onda e era a dificuldade de implementar no início. A partir do momento que houve acesso mais facilitado, as coisas começaram a mudar."

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