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Apesar de os problemas relacionados aos hormônios sexuais estarem se tornando, segundo os médicos, mais comuns, nem sempre eles são os únicos responsáveis pelas alterações hormonais do organismo. A endocrinologista Vânia Soares Britto, do Centro Médico Novatto, em São Paulo, que realizou uma pesquisa sobre o assunto, alerta que uma em cada cinco mulheres que procuram o ginecologista para fazer reposição hormonal, na verdade nem sequer tem problemas com progesterona ou estrogênio.

De acordo com a pesquisa da médica Vânia, o que elas apresentam são alterações em uma glândula localizada no pescoço, mas que produz dois hormônios ligados ao bem-estar de todo o corpo: a tireoide. E dados recentes apontam que essas alterações também têm aumentado. O Instituto da Tireoide de São Paulo, especializado em tratar casos ligados à glândula, aponta que o número de pessoas com alguma disfunção nessa produção hormonal pode ter crescido mais de 5% nos últimos dez anos.

A tireoide é a responsável pela produção dos hormônios tiiodotironina, conhecido como T3, e a tiroxina, T4. "Eles têm ação no metabolismo, no controle da pressão arterial e da frequência cardíaca, na digestão, na temperatura corporal e em diversas outras funções do nosso corpo. Ou seja, são fundamentais para a saúde", afirma a endocrinologista.

Porém, nos casos de mau funcionamento, a glândula pode liberar hormônios demais, causando o hipertireoidismo, ou hormônios de menos, provocando hipotireoidismo. "Quando se libera muito T3 e T4, a tendência é uma aceleração maléfica do metabolismo. A pessoa passa a sentir agitação, taquicardia. Pode perder peso, ter diarreias constantes. O contrário também é ruim. Poucos hormônios causam cansaço, intestino preso e ganho de peso", diz Vânia.

Os problemas relacionados à tireoide e seus hormônios atingem homens e mulheres, e em qualquer idade. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocri­nologia e Metabologia (SBEM), podem afetar até recém-nascidos. Dados da SBEM mostram que no mundo um em cada quatro mil bebês nascem com alguma disfunção na glândula.

Porém, assim como no caso dos hormônios sexuais, é nas mulheres – sobretudo adultas e da terceira idade – que as ocorrências são mais comuns: cerca de 15% das que têm mais de 40 anos podem ter alguma disfunção nessa produção hormonal. Nos homens, esse número é de 7%. Acima dos 60 anos, a incidência sobe para 20%, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Instituto da Tireoide de São Paulo.

Diagnóstico e tratamento

Se os casos têm seguido uma tendência de aumento, as chances de recuperação também dão sinais de avanço. Tanto hipertireoidismo quanto hipotireoidismo são doenças crônicas (de longa duração, às vezes por toda a vida), mas, com o consumo diário de medicamentos específicos, os pacientes podem seguir uma vida normal. "Esses remédios hoje têm preço acessível e são fáceis de encontrar. Tem o incômodo de ter de tomá-los todos os dias, porém os resultados são excelentes", diz Vânia.

A fase mais importante, no entanto, ainda é o diagnóstico. "A tireoide não é mais um mito. Atualmente todo mundo sabe que ela existe e que pode provocar doenças. Então, na hora em que a mulher ou o homem, principalmente acima dos 40 anos, sentir um desconforto, deve procurar o endocrinologista para uma avaliação. A alteração no metabolismo, pela falta ou excesso de T3 e T4, pode levar às doenças cardiovasculares, e aí existe um sério risco de morte", afirma a endocrinologista.

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