
A mamografia, vista como grande aliada da saúde feminina e utilizada há mais de três décadas para detectar o câncer de mama, é, na verdade, um tema polêmico na comunidade médica. Ao mesmo tempo em que o exame se aperfeiçoa e atinge mais mulheres, cresce o temor de que seu uso indiscriminado aumente os casos de falsos positivos, levando a tratamentos e estresse desnecessários.
Também há críticas por causa de registros de falsos negativos em torno de 10% em que cânceres agressivos não são detectados pela mamografia, sendo descobertos numa fase avançada.
Apesar dessas contrariedades, estudo publicado recentemente pelo Independent UK Panel on Breast Cancer Screening, uma associação de pesquisadores da área, chegou à conclusão de que, apesar dos riscos, o benefício do exame ainda é maior.
O estudo do painel sugeriu que as mulheres sejam mais bem esclarecidas sobre tais riscos, para que possam decidir, em caso de a mamografia não apresentar resultados precisos, se realmente querem se submeter a uma biópsia para ter certeza do diagnóstico, ou a uma cirurgia preventiva.
Vidas salvas
O painel, que analisou registros de mulheres de 50 a 70 anos que fizeram o exame a cada três anos em quatro países, comprovou o que outros já haviam mostrado: a mamografia salva vidas. Foram evitadas 1,3 mil mortes a cada ano. Porém, cerca de 4 mil também receberam sobrediagnóstico, ou seja, foram tratadas de cânceres que cresceriam muito lentamente e não seriam fatais.
De acordo com Sérgio Hatschbach, oncologista do Hospital Erasto Gaertner e do Instituto Paranaense de Oncologia, a mamografia ainda é o melhor método para detectar tumores não palpáveis e em estágio precoce, abaixo de 0,5 cm de diâmetro. O autoexame (feito pela mulher), segundo ele, só consegue detectar nódulos a partir de 1,5 cm, e o médico, a partir de 1 cm.
"Só a mamografia pode detectar as microcalcificações, lesões não palpáveis que não podem ser detectadas clinicamente. E cerca de 30% dessas microcalcificações são malignas", afirma. Quando as lesões já são palpáveis, há grande risco de que tenham se tornado infiltrativas, quando há liberação de células tumorosas para as correntes sanguínea e linfática, daí a importância do diagnóstico precoce. Consequentemente, também evitam-se as cirurgias agressivas e mutilações, e as chances de recidivas também são menores.
No Brasil, 52,6 mil novos casos de de câncer de mama foram diagnosticados em 2012. Cerca de 12 mil pessoas morrem por ano, sendo que a maioria mulheres (mas a doença também atinge homens).



