• Carregando...
 |
| Foto:

Meia verdade

Contar ao médico tudo o que o paciente sente é o caminho mais fácil para o diagnóstico correto. Caso contrário, os riscos da mentira são evidentes

Consulta sincera

- Fale das queixas principais e secundárias. Diga qual o problema, como ele acontece e quando começou.

- Relate outras dores, desconfortos ou sintomas. Eles podem ou não estar relacionados com a queixa principal.

Leia a matéria completa.

Diagnóstico

Médicos reconhecem truques

Embora alguns pacientes escondam ou omitam informações por vergonha do médico, há os que têm esse tipo de comportamento por outros motivos. Segundo o presidente da Sociedade Paranaense de Clínica Médica, Cesar Kubiak, é preciso diferenciar o paciente que sonega ou distorce informações por ignorância ou timidez daquele que sofre de transtorno hipocondríaco ou ainda de alguém que faz isso simplesmente para tirar algum proveito. "Um médico experiente é capaz de reconhecer simulações. Dependentes químicos costumam procurar serviços de saúde nas madrugadas em busca de medicamentos com efeitos similares a entorpecentes. Há também os pacientes hipocondríacos que são extremamente sugestionáveis e exageram nos sintomas e, ainda, aqueles que vão ao médico apenas querendo uma licença do trabalho", afirma.

Leia a matéria completa

Por vergonha, desconfiança ou simplesmente por achar que certa informação não tem importância, muitos pacientes acabam omitindo ou mentindo durante uma consulta médica. Quando se trata de saúde, porém, não existem mentirinhas inocentes. Pequenos detalhes podem ajudar o médico a chegar a um diagnóstico ou fazer com que ele decida por um ou outro tratamento. Esconder algum sintoma ou mentir sobre hábitos ou estado de saúde são comportamentos que podem colocar a vida do próprio paciente em risco, portanto, por mais constrangedoras ou íntimas que sejam as informações, não se pode escondê-las em uma consulta.

Sedentários dizendo que fazem atividade física, fumantes afirmando que não põem um cigarro na boca ou ainda pacientes desobedientes garantindo que tomaram o remédio direitinho são situações comuns nos consultórios. Um médico experiente ou um exame laboratorial são capazes de desmascarar a lorota. "O médico tem como saber que o paciente não está sendo sincero", garante o cardiologista Mario Sérgio Cerci, do Hospital do Coração, em Curitiba.

A falta de conhecimento dos detalhes da saúde do paciente pode levar o médico a receitar algum medicamento que venha a reagir com outro que o paciente já esteja tomando e potencializar ou comprometer o efeito de ambos. Sem o paciente deixar claro o que sente, corre o risco ainda de ser submetido a exames desnecessários, ter o tratamento retardado ou prejudicado.

Para o médico Cesar Kubiak, presidente da Sociedade Paranaen­se de Clínica Médica, o paciente não pode ter pudor ao conversar com o médico, é preciso ver o profissional como alguém livre de julgamentos. "A partir do momento em que se estabelece uma relação de confiança, ele acaba contando. Só que para isso é preciso dar atenção e explicar a importância de ele se cuidar. Muitos só se abrem na terceira consulta", afirma.

A adesão do paciente ao tratamento, contudo, depende muito também de uma boa relação com o médico. "Se prescrevemos o remédio, mas não explicamos para o paciente como vai ser o tratamento, ele acaba chegando na farmácia, perguntando ao farmacêutico qual daqueles remédios é o mais importante e toma somente um ou simplesmente nem toma", afirma Kubiak.

Tabus

Temas que envolvem a sexualidade costumam ser os mais espinhosos e evitados, principalmente entre a população masculina. Um levantamento feito no Hospital 9 de Julho, em São Paulo, revelou que cerca de 30% dos homens mentem no consultório. Segundo a pesquisa, aspectos ligados à vida sexual, alimentação, sedentarismo, automedicação, tabagismo e peso são os que mais geram mentirinhas.

Relações extraconjugais ou a existência de alguma doença sexualmente transmissível também são frequentemente omitidas. Segundo o urologista Fernando Lourenzini, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, a dificuldade de ereção ainda é um tabu. "Normalmente o paciente não diz ou deixa para o final da consulta e aí fala, como quem não quer nada, que tinha esquecido de uma coisa e comenta sobre a impotência", diz. Segundo o médico, existem estudos que mostram que 30% dos pacientes gostariam que o médico introduzisse o tema e questionasse sobre impotência. "Se você pergunta, eles acabam se abrindo", diz.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]