Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Educação

Na volta às aulas, alunos ignoram alertas sobre a gripe A

Na volta às aulas, alunos paranaenses ignoram recomendação contra a gripe e fazem festival de abraços e beijos em nome da amizade

Aglomeração de alunos em frente a colégio particular de Curitiba, ontem pela manhã: recomendação é de evitar beijos e abraços nos colegas | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Aglomeração de alunos em frente a colégio particular de Curitiba, ontem pela manhã: recomendação é de evitar beijos e abraços nos colegas (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)

No dia em que 3,5 milhões de alunos voltaram às aulas no Paraná – depois de duas semanas de adiamento em razão da pandemia de gripe A (H1N1), conhecida como gripe suína – escolas e pais fizeram sua parte para ajudar na prevenção contra a doença. Pouco se ouviu falar de estudantes em sala de aula com sintomas de gripe, o que quer dizer que os pais mantiveram filhos doentes em casa, conforme a recomendação. Nos colégios, o álcool gel estava à disposição na maior parte dos casos, e as janelas foram mantidas abertas.

Impedir que os alunos mantivessem seus hábitos, porém, foi impossível. Apesar de todos os avisos, os alunos não cansaram de se beijar, se abraçar e andar de mãos dadas. Um grupo de cinco amigas que matava a saudade em um abraço coletivo ontem, em frente a um colégio particular de Curitiba, explicava o sentimento de meninos e meninas. "Nós somos muito amigas", argumentou uma. "E somos limpinhas", disparou outra.

Evitar o contato muito próximo dos alunos e as aglomerações nos colégios eram justamente alguns dos motivos que levaram as autoridades a suspender temporariamente as aulas no estado. O vírus da gripe A, assim como o da gripe comum, passa pela saliva, pela tosse e pelo espirro, entre outras formas. Os beijos e abraços acabam facilitando a transmissão da doença.

Ontem, quando as aulas foram retomadas simultaneamente nas creches, nas escolas privadas, estaduais e municipais, e nas universidades, a presença dos alunos foi maior na capital do que no interior do estado. Em Curitiba, segundo os colégios particulares e a Secretaria de Estado da Educação, a frequência média foi de 90%. Em grandes cidades do interior, foi bem menor (veja mais ao lado).

Nas escolas particulares da capital, a educação infantil apresentou os maiores índices de ausência. Em algumas turmas, metade dos alunos deixou de ir à aula ontem. Vários municípios parananses resolveram prolongar as férias ainda mais (veja abaixo). Das maiores universidades do estado, a Universidade Fe­­deral do Paraná (UFPR), a Uni­­versidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e a Univer­sidade Esta­dual de Londrina (UEL) continuam sem aulas.

Pais e filhos

De modo geral, os pais aprovaram o período sem aulas e também o retorno neste momento. "Agora melhoraram as condições climáticas e diminuíram os casos. Acho que valeu a pena esse período de suspensão", opina o analista de sistemas Lincoln Nilo Pereira, 43 anos, pai de Giovanna, de 11 anos, e Giullia­na, de 15 anos. "Minhas filhas estão levando álcool gel na mala e foram orientadas a não compartilhar materiais, lanches e não beijar os colegas", conta.

"Elas vieram para a aula sem preocupação, sem susto, mas demos orientações. Falamos para elas que, mesmo depois de um mês sem ver os amigos, nada de dar abraços e beijos", conta Magda Ruschel, avó de Paula Amorim, 10 anos, e Beatriz Amorim, 11 anos. A recomendação, porém, foi difícil de ser seguida. "É que dá saudade", tentou justificar Paula, ao abraçar uma amiga na saída da escola.

O coordenador do setor de saúde das escolas da rede Bom Jesus, José Francisco Klas, reconhece a dificuldade de mudar o hábito. "É difícil eles aceitarem. Mas orientamos que eles correm um risco maior se continuarem insistindo neste comportamento", explica. O "trabalho é ár­­­duo", na opinião de Maria Mad­­selva, diretora do Colégio Esta­dual do Paraná, porque "faz parte do costume do brasileiro a aproximação afetiva".

De acordo com o médico, o que mudou foi o comportamento dos pais. "Hoje (ontem), tivemos só uma criança com sintomas de gripe e a mandamos para casa. Isso significa que os pais estão realmente respeitando as orientações de não mandar as crianças doentes para a escola", opina. O diretor das escolas Positivo, Carlos Dorlass, tem uma posição semelhante. "Os pais têm acompanhado nossas orientações e das autoridades de saúde. Acho que essa é uma oportunidade em que todos vão tirar uma lição única que vai ajudar até para impedir a disseminação de outras doenças", diz.

* * *

Interatividade

As escolas do Paraná estão preparadas para enfrentar a nova gripe?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

Principais Manchetes

Tudo sobre:

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.