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O garfo como arma para evitar o câncer

Controversa, mudança nas práticas alimentares é confirmada como uma das medidas mais eficazes na prevenção

Frutas vermelhas, o açafrão, o brócolis, o ômega-3, o chá verde e o tomate estão entre os citados | Antonio More/Gazeta do Povo
Frutas vermelhas, o açafrão, o brócolis, o ômega-3, o chá verde e o tomate estão entre os citados (Foto: Antonio More/Gazeta do Povo)

Especialistas do mundo todo não têm dúvidas em afirmar que os hábitos alimentares estão profundamente relacionados ao desenvolvimento de vários tipos de câncer. A Organização Mundial de Saúde (OMS), o Instituto Nacional de Câncer brasileiro (Inca), o Instituto Nacional do Câncer norte-americano e o órgão britânico de pesquisa em câncer coincidem em apontar a mudança da alimentação das pessoas como uma das medidas mais importantes de prevenção. Estima-se que entre 30% e 60% dos casos poderiam ser evitados com um dieta apropriada.

A preocupação aumenta diante do que alguns consideram uma epidemia da enfermidade. Nas últimas décadas, a incidência dos tumores cresceu e passou a atingir grupos mais jovens. Não por acaso, o avanço do câncer coincidiu com uma mudança sem precedentes na alimentação da humanidade. Ao longo de meio século, houve um incremento espantoso no consumo de açúcar e de alimentos processados pela indústria, que passaram a incluir doses maciças das perigosas gorduras trans e produtos químicos desconhecidos no passado. Em paralelo a isso, a agricultura e a pecuária se transformaram para ganhar produtividade. Na lavoura, disseminaram-se os pesticidas, enquanto os animais passaram a receber hormônios e outras fontes de alimento, para crescer mais rápido. Tudo isso mudou o que nos chega ao prato. E muitos especialistas acreditam que colaborou para nosso risco de ter um câncer aumentar.

Precaução

Meses atrás, Susan Levin, diretora de educação em nutrição do Comitê de Médicos pela Responsabilidade na Medicina, uma organização norte-americana, publicou com um grupo de colegas um artigo conclamando população, médicos e autoridades a adotar o princípio da precaução no que diz respeito à relação entre câncer e comida.

Ela usa o cigarro como comparação: "Durante décadas, os indivíduos e os governos tomaram poucas medidas para reduzir doenças e mortes relacionadas ao fumo. Não podemos fazer o mesmo com a dieta e esperar 50 anos para prevenir o consumo de alimentos que induzem doenças".

De acordo com Levin, o princípio da precaução já é aplicado a toxinas em relação às quais ainda se acumulam evidências a respeito de seu prejuízo à saúde. Com base nessa abordagem, deve-se limitar carnes vermelhas, carnes processadas e laticínios. "Um estudo publicado em 2013 analisou dados de 21 cânceres diferentes em 157 países e concluiu que a associação entre ingestão de produtos de origem animal e o câncer é tão forte quanto a relação entre o tabaco e o câncer", afirmou.

Além de evitar carnes vermelhas, gorduras trans e açúcar, que estão relacionados ao aumento dos casos de câncer, pesquisadores e autoridades recomendam a adoção de uma dieta equilibrada, com forte presença de frutas, verduras e legumes.

Outro norte-americano, Tim Byers, diretor associado de controle e prevenção ao câncer do Centro de Câncer da Universidade do Colorado, afirma que a dieta capaz de prevenir o surgimento de tumores não precisa ter nada de especial: seria a mesma indicada para reduzir o risco de outras doenças graves, como diabetes, derrames e doenças do coração. "Ingerir menos calorias e consumir frutas, vegetais e grãos integrais reduz todas essas doenças, além de evitar a obesidade, que é um fator de risco para pelos menos dez tipos de câncer, incluindo os de mama, cólon, esôfago, útero, rim e fígado" alerta Byers.

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