
O brasileiro teve a expectativa de vida reajustada a 74 anos, 10 meses e 24 dias. Quanto mais idade, maior deveria ser a preocupação com as doenças nos olhos, mas não é bem isso que mostra a pesquisa Saúde Ocular na 3.ª Idade, realizada pela Associação Retina Brasil com o apoio da Bayer.
Dos 700 curitibanos entrevistados, todos acima de 40 anos, 46% procuram o oftalmologista apenas quando sentem algum desconforto, sendo que 32% afirmaram ter algum tipo de problema visual e 44% só visitam o médico a cada dois anos.
Glaucoma, catarata e alterações na retina são as principais doenças relacionadas à visão que os brasileiros com mais idade lembram. Porém, poucos conhecem a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), indicada por 8% dos entrevistados como causa de perda de visão entre conhecidos.
"São seis milhões de casos registrados no Brasil e esse número vai aumentar, porque a doença é relacionada à idade. Em São Paulo, a expectativa é que o número de sexagenários dobre até 2020", afirma o oftalmologista e presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV), André Gomes.
Leitura, passeios pela rua e dificuldade em reconhecer outras pessoas são as primeiras atividades prejudicadas pela falta de nitidez, "borramento" e distorção da visão central causada pela doença. "A mácula, região mais nobre da retina, começa a se degenerar. É uma doença que acomete os dois olhos, mas sempre existe uma assimetria, um olho pior que o outro.
Os sintomas podem variar, mas são progressivos e, sem tratamento, deterioram até mais de 90% da visão, dependendo do tipo da doença", afirma Gomes. A forma seca da DMRI é a mais comum, mas não tão grave quanto a forma hemorrágica, que progride rapidamente, às vezes em questão de horas, sem recuperação.
Luz
Segundo a oftalmologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Tania Schaefer, depois do glaucoma, a prevalência da Degeneração Senil, ou DMRI, tem aumentado muito pela influência externa.
"Todos estão sujeitos à DMRI. A principal causa vem da radiação ultravioleta, da luz azul, presente no espectro solar e, principalmente, na luz da lâmpada de halogênio metálico. A lâmpada é muito usada hoje pela durabilidade e baixo custo, mas a exposição contínua atinge as células pigmentares da retina, ocasionando a degeneração", explica a oftalmologista.
Pele e olhos claros, origem caucasiana ou oriental, além da idade avançada também estão entre os fatores de risco para a doença. "É uma combinação de fatores. Temos identificados dois genes, pois é também uma alteração genética, presente normalmente em pessoas com a pele clara. Por ser degenerativa, sofre influência do cigarro, hipertensão, diabete, além da predisposição familiar e o alto grau de exposição à luz", explica Gomes.



