
A impressão é de que tudo passou muito rápido. Foram dois meses entre o surgimento dos casos da gripe A (H1N1) no México, em abril, e a primeira confirmação da doença em Curitiba, em junho. No dia 15 daquele mês, uma curitibana de 40 anos que havia viajado a Buenos Aires, na Argentina, começou a apresentar febre alta, tosse, falta de ar e coriza. Estava confirmada a nova gripe. No mesmo instante surgiu a dúvida: como o vírus que se reproduz mais rápido nas baixas temperaturas iria se comportar na capital mais fria do Brasil?
Naquele período, a doença parecia muito distante para a população, que continuava com a janela fechada do ônibus e não usava álcool gel. Silencioso para a maioria, o vírus foi agindo e os números aumentando. Em dez dias, a nova gripe estava contaminando pessoas que nunca estiveram em outros países. Diariamente, novos casos eram confirmados, até que em 16 de julho aconteceu a primeira morte pela doença da capital.
Na possibilidade de um grande aumento no número de pessoas contaminadas, a área de urgências e emergências do Hospital de Clínicas fechou para o atendimento ao público. Passou a receber pacientes em situação de risco, suspeitos de estar com a gripe A. Logo em seguida, veio a suspensão das aulas. No início era por uma semana, mas autoridades de saúde decidiram prorrogar as férias dos estudantes por mais sete dias.
A precaução com a nova gripe tinha agora chegado às ruas, com pessoas usando máscaras, comprando álcool gel e evitando lugar fechado. O cuidado também estava nos serviços de saúde: quem tinha sintomas procurava as unidades e a espera para ser atendido passava de horas. A rede municipal chegou a realizar 1.077 consultas médicas por síndrome gripal no dia 30 de julho. Em 6 de agosto, 207 pessoas estavam internadas. As cirurgias eletivas que necessitassem de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ficaram suspensas no Paraná.
O tempo ajudou e na metade de agosto, os números começaram a melhorar, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. O clima, a suspensão das aulas e conscientização da população provocaram melhora nos índices de contaminação, segundo a secretaria. "Estamos em situação de estabilidade no número de casos. O número de consultas vem diminuindo significativamente nos últimos dias, assim como os internamentos. Temos situação mais estabilizada e esperamos que continue a evolução dessa forma mesmo com a volta às aulas, que envolve aglomeração maior de pessoas", afirmou o secretário municipal da saúde e vice-prefeito, Luciano Ducci.
Segundo o infectologista Moacir Pires Ramos, que participa do comitê municipal de prevenção e controle da gripe A, se a pandemia fosse dividida em atos, o primeiro já estaria se encerrando. O motivo é a diminuição do número de pessoas que procuram o sistema de saúde por queixa gripal. Segundo ele, atualmente há mais oferta de atendimento do que demanda, com sobra de vagas de leitos de UTI.
Ramos explica que as pandemias costumam ter duas ondas geralmente a segunda é mais grave. Porém, nem todas as pandemias ocorrem da mesma forma e ainda não se sabe como se dará com a nova gripe. Agora, outra incógnita é saber se haverá mutação do vírus e o que irá acontecer no próximo inverno.
Na sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu para um aumento no número de casos da chamada gripe suína quando o inverno voltar ao Hemisfério Norte, no fim do ano. "Em dado momento aparentará haver uma explosão de casos, disse o diretor da OMS para o Pacífico Oeste, Shin Young-soo, segundo agências de notícias. "A pandemia está se espalhando rapidamente, mas sua evolução futura não pode ser prevista. A maioria dos dados que temos foi coletada em países onde o sistema de saúde funciona bem."








