
Este é um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a humanidade". A conhecida frase do astronauta americano Neil Armstrong facilmente se encaixaria na história da Maria Clara Xavier, de 5 anos. A menina, devido à prematuridade no nascimento, acabou tendo o sistema neurológico comprometido. A irmã gêmea, Maria Eduarda, não teve o mesmo problema. O processo cognitivo de Maria Clara funciona normalmente: ela fala, conhece os números e mexe no computador. Tem dificuldades, porém, em se manter de pé (ereta) sem o auxílio de alguém, e não caminha. Ou melhor, não caminhava.
Graças a um macacão desenvolvido pela agência espacial russa, e depois adaptado para fins terapêuticos nos EUA, Maria Clara conseguiu dar, na última quarta-feira, seus primeiros passos sozinha. O pediasuit (nome do macacão) funciona assim: são quatro peças (blusa, bermuda, joelheira e sapato), que ligadas por elásticos fixados a garrotes, são presas a uma gaiola de sustentação. Ali, é possível trabalhar as habilidades motoras e o alongamento do paciente, de acordo com a necessidade. "O tratamento é feito por quatro horas, em cinco dias da semana, durante um mês. Depois desse período, o paciente descansa e volta para fazer manutenções e a fisioterapia em si", explica a fisioterapeuta do Hospital Pequeno Príncipe Adriana Maria Barreto Domingues.
Os pais de Maria Clara souberam do método por um artigo de internet. No Brasil, o pediasuit existe nas cidades de Cascavel, Blumenau, Rio de Janeiro e São Paulo. Em Curitiba, há um no Centro Universitário Campos de Andrade. Ao saber dessa possibilidade de tratamento para a filha, o empresário Cassiano Xavier, de 45 anos, e a médica especialista em arritmia cardíaca infantil Lania Romanzin Xavier, de 43, procuraram patrocínio para conseguir um aparelho e instalá-lo no Hospital Pequeno Príncipe. Dessa forma, beneficiariam a filha que faria o tratamento no hospital a que já estava habituada e, futuramente, outras crianças poderiam se tratar ali. Era necessário trazer a gaiola com os elásticos dos Estados Unidos. A ajuda para isso veio da Turquia.
Foi Alex, ex-jogador do Coritiba que atualmente está no Fenerbahçe, quem doou o dinheiro. Ele soube do caso de Maria Clara por meio de Jean, um amigo dele e também do pai da menina. Após algumas ligações de Jean, o jogador, que já faz trabalhos sociais, decidiu ajudar a família e o hospital. Com o dinheiro recebido, o Pequeno Príncipe pode, ainda, reformar uma das salas da fisioterapia para acomodar o pediasuit.



