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No Dom Bosco, pais são orientados a deixarem crianças em casa se estiverem com sintomas de infecção | Antonio More/Gazeta do Povo
No Dom Bosco, pais são orientados a deixarem crianças em casa se estiverem com sintomas de infecção| Foto: Antonio More/Gazeta do Povo

Contágio

As doenças infecciosas mais comuns

As crianças estão sujeitas a várias doenças, mas entre as infecciosas comuns, que podem ser combatidas com mais facilidade pela defesa do organismo depois do primeiro contato, estão a varicela e o impetigo bolhoso (feridas que aparecem no rosto).

O infectologista do Hospital Pequeno Príncipe Victor Horácio de Souza Castro Júnior diz que no caso da varicela a pessoa fica completamente imune depois do primeiro contágio e o máximo que pode acontecer é que, em uma segunda vez, a criança desenvolva herpes. "Nos adultos a manifestação da doença é mais forte do que nas crianças, com feridas bem piores na pele. Por isso antigamente, quando uma criança estava com varicela, os pais das outras as deixavam perto para pegar de uma vez. Hoje só não é mais assim porque temos vacina."

No caso do impetigo, as outras infecções são mais fracas do que a primeira, mas as bolhas ainda aparecem, mesmo que mais fracas. A doença é transmitida pela manipulação de sujeira e é bem comum na infância. "Cerca de sete em cada dez crianças têm pelo menos uma vez, mas depois do primeiro contato os anticorpos ficam prontos para um próximo, o que ameniza a manifestação da doença", diz Castro Júnior.

Animais de estimação

Pesquisas em andamento na Universidade de São Paulo (USP) mostram que o contato com os animais pode melhorar a imunidade da criança, deixando-a menos susceptível à alergia e à dermatite

Proteção dentro do prato

Embora o funcionamento do sistema imunológico seja determinado geneticamente, existe um cuidado que os pais podem tomar para que ele funcione melhor: a alimentação. Alguns alimentos fornecem nutrientes que vão atuar nas células sanguíneas de defesa e assim torná-las mais eficientes.

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Imunização eficaz

A vacina é a forma mais fácil de a criança entrar em contato com um vírus ou bactéria, produzir anticorpos e não manifestar os sintomas. Não existem vacinas para todas as doenças, apenas para as mais graves. Mas algumas não estão na lista das oferecidas todos os anos pelos programas de vacinação do SUS.

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Até os 3 anos, escola é lugar de alerta

O ambiente escolar é o local onde as crianças mais têm contato com outras, inclusive da mesma idade. Independentemente dos benefícios sociais e pedagógicos, até os 3 anos de idade o contato direto com os coleguinhas pode não ser tão saudável.

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Quando seu filho entra sujo em casa, a reação imediata é mandá-lo direto ao banho, certo? Errado. A sujeira não faz tão mal à saúde quanto parece. Pelo contrário, se ela estiver contaminada com alguns vírus e bactérias, pode até fazer bem ao sistema imunológico infantil, responsável pela defesa do organismo. Ele funciona como um exército. Para ir à uma grande guerra, é necessário treinar antes com pequenas batalhas. Ou seja, precisa do contato com organismos menos perigosos para que esteja preparado para doenças mais graves. Mas como proporcionar isso?

O primeiro passo é não ter preocupação excessiva com higiene, como lavar as mãos a toda hora, impedir que a criança brinque em lugares abertos e usar todo tipo de aparelho para eliminar organismos do ar. Só deve haver exceção em casos de alergias. O excesso de limpeza faz com que as crianças entrem pouco em contato com micro-organismos e por isso o sistema imunológico não tenha linfócitos de memória – que são as células reserva de defesa. Segundo a médica e professora de Imunologia da Faculdade Evangélica do Paraná (Fepar) Rosaly Vieira dos Santos, essa ideia é conhecida como Teoria da Higiene. "Existem vários estudos sobre isso, alguns médicos concordam, outros não. Mas o certo é que a criança não pode viver em um ambiente extremamente limpo."

Só que esta regra vale para depois dos 3 anos de idade porque até esta época o sistema imunológico está em formação e mais susceptível a doenças, já que os anticorpos provenientes da mãe – as chamadas imunoglobulinas G (IgG), que são derivadas dos linfócitos – permanecem no bebê apenas até os 7 meses de vida. Portanto é a fase de se redobrarem os cuidados. "Se for atacado por um organismo como o vírus da hepatite, por exemplo, ficará mais debilitado do que o de uma criança com o sistema pronto", explica o bioquímico e professor de Imunologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Sérgio Surugi de Siqueira.

A partir dos 3 anos a criança pode e deve brincar livremente e entrar em contato com várias outras crianças. "É até bom que ela pegue algumas doenças nessa época para preparar a imunidade para ataques futuros, já que algumas delas atingem com mais força a pessoa na vida adulta, como é o caso da caxumba", diz Siqueira.

Contaminação

Durante a brincadeira existem duas formas de contato com micro-organismos: aqueles que estão presentes no ar ou em gotículas de saliva, como os vírus da gripe e da varicela, e os que estão no chão, como os vermes.

No primeiro caso, os pequenos contraem naturalmente em contato com o ambiente, com tudo que colocam a mão – inclusive brinquedos que outras crianças podem ter posto na boca – e por estar perto de adultos ou de outras crianças, o que pode provocar contaminação pela saliva. São essas pequenas infecções que vão fortalecer o sistema imunológico. Neste caso a higiene deve ser normal, lavar as mãos antes das refeições e depois de brincar, quando estiver muito suja. "Não há necessidade de lavar com sabonete desinfetante. Um comum, de preferência neutro, resolve", diz Siqueira. Para ele, as crianças devem brincar soltas, como gostam de fazer, porque, além de ser uma questão de saúde, é também de socialização e é necessário para crescerem psicologicamente saudáveis.

No segundo caso, quando mexem com terra, grama ou animais que não estejam vermifugados, as crianças podem ser contaminadas por vermes. Mas eles não mudam em nada a defesa do organismo e podem ser contraídos diversas vezes durante a vida, o que não significa que os pais devem impedir o contato dos filhos com esses ambientes. "Para controlar a infecção por vermes, as crianças devem tomar vermífugos a cada seis meses. Mas o que ajuda o sistema imune são os vírus e bactérias presentes no ar e não os organismos que estão na terra", diz o imunologista do Hospital de Clínicas da Univer­sidade Federal do Paraná Nelson Augusto Rosário Filho.

A assistente social Renata Tassi dos Santos é um exemplo de mãe que deixa o filho livre, não fica o tempo todo regulando o que ele faz. O pequeno Arthur, de 3 anos, brinca no chão, na grama e na areia sem nenhum cuidado excessivo. "Sei que ele precisa vivenciar isso, que vai fortalecer as defesas. Claro que não é tudo que deixo colocar na boca. Quando está muito sujo, eu tiro e explico o porquê", conta. Até hoje ele nunca teve qualquer doença infecciosa grave, apenas as comuns, como dor de garganta e gripe.

Fora do padrão

O infectologista do Hospital Pequeno Príncipe Victor Horácio de Souza Castro Júnior diz que a regra geral da imunidade vale para crianças saudáveis, mas não para as que sofrem de alergias, doenças que afetam o sistema nervoso – como paralisia cerebral –, Síndrome de Down, crianças soropositivas ou que estão fazendo quimioterapia. Para estas os cuidados são diferentes. Nestes casos a limpeza excessiva é recomendada, porque o organismo está mais debilitado e não tem o mesmo potencial de defesa.

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