Sabonete sim, mas com moderação

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Não abusar do sabonete. É esta a principal indicação dos dermatologistas para a hora do banho, especialmente para quem tem a pele naturalmente seca. "O sabonete retira camadas protetoras da pele, e, por isso, deve ser aplicado em pouca quantidade e apenas em dobras e áreas íntimas e em extremidades, como mãos e pés", explica a dematologista Célia Kalil, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

O uso excessivo do produto pode resultar em problemas como a dermatite, uma infecção de pele que se manifesta com coceiras e manchas avermelhadas e pode necessitar tratamento com cortióides. "Se ao longo do tempo o problema persistir, pode evoluir para casos mais graves e sistêmicos, que vão precisar de cuidados médicos mais sérios", afirma a dermatologista.

A principal indicação na hora de escolher o sabonete é selecionar um produto com base em glicerina, que irrita menos a pele. Outra dica é utilizar o sabonete líquido, que diminui o risco de infecções. "O sabonete em barra pode ser colonizado pelas próprias bactérias que estavam na pele e reinfectar a pessoa. No sabonete líquido, esta proliferação de bactérias é reduzida", explica Fabiane Brenner, chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital de Clínicas.

O importante é lembrar que o sabonete líquido deve ser aplicado no corpo com as mãos, e não com esponjas ou buchas, pois elas irritam ainda mais a pele. "A esponja causa muito atrito e, por isso, não deve se tornar rotina. No máximo uma vez por semana no dorso, costas e braços", diz. A dermatologista Célia concorda, afirmando que as buchas e esponjas são contraindicadas para qualquer idade e tipo de pele. Para manter a pele saudável, o recomendado é aplicar creme hidratante no corpo após o banho.

Temperatura da água

Além do uso excessivo do sabonete, outro inimigo da pele, especialmente nos meses de inverno, é a água muito quente. "É natural que, com a chegada do frio a temperatura da água do banho aumente, especialmente em lugares mais frios como Curitiba. Às vezes a pessoa se muda para cá, não está acostumada com o frio, ou mesmo viaja para outros países onde o inverno é mais rigoroso e acaba aumentando a temperatura da água do banho sem perceber", explica Fabiane. Esta prática prejudica e resseca ainda mais a pele.

É o caso de Davi Bellozupko, 63 anos, aposentado, que durante anos sofreu com irritações de pele sem conseguir identificar a causa. "Por muito tempo achei que fosse alergia a remédios ou à comida", explica. Bellozupko tem manchas nas coxas e braços, que por vezes chegavam a sangrar, resultado de banhos muito quentes. Vanessa Ottoboni, médica dermatologista colaboradora do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, lembra que, em casos como o do aposentado, o uso do sabonete comum somente prejudica e irrita as feridas. Ele precisou de cuidados específicos, como o uso de anti-inflamatórios e de sabonetes menos agressivos (glicerinados), além de alterar a rotina de banhos, deixando-os mais curtos e menos quentes.