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Medicina

Bicho “indestrutível” dá pista de como proteger pacientes com câncer

Representação fiel do tardígrado feita por inteligência artificial: resistência a ambientes extremos, como o vácuo do espaço, pode fazer o minúsculo animal se tornar um aliado dos pacientes com câncer contra os efeitos da radioterapia
Representação fiel do tardígrado feita por inteligência artificial: resistência a ambientes extremos, como o vácuo do espaço, pode fazer o minúsculo animal se tornar um aliado dos pacientes com câncer contra os efeitos da radioterapia (Foto: Imagem de Peter Schmidt por Pixabay)

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O tardígrado é um animal minúsculo que habita o planeta há cerca de 600 milhões de anos. Ele é capaz de sobreviver a quase tudo, até mesmo exposto no vácuo espacial, e superou cinco eventos de extinção em massa. Agora, cientistas encontraram nele a pista que pode proteger os seres humanos durante tratamentos por radioterapia contra câncer.

Segundo a revista Nature Biomedical Engineering, a pesquisa usou nanopartículas para entregar mRNA que codifica a proteína Dsup, que suprime danos ao DNA. A expressão local e temporária da proteína Dsup, induzida pela entrega de mRNA sintético, reduziu os danos da radiação nos tecidos epiteliais saudáveis em ratos de laboratório com câncer.

No experimento, os cientistas projetaram uma molécula de mRNA que carrega as informações genéticas para a produção da proteína supressora de danos presente no tardígrado. Este mRNA codificador da proteína é então encapsulado e entregue às células saudáveis através de nanopartículas lipídicas ionizáveis suplementadas com polímeros catiônicos biodegradáveis. O nome é difícil, mas este tipo de nanopartícula é uma tecnologia usada, por exemplo, em vacinas de mRNA como a da COVID-19.

Uma vez dentro das células, o mRNA é traduzido pelos mecanismos celulares, resultando na expressão ou produção desta proteína, que se liga ao DNA e reduz as quebras nas fitas duplas da molécula de DNA causadas pela radiação.

Tratamento preservado

Conduzida pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e pela Universidade de Iowa, ambas nos EUA, a pesquisa promete mitigar os efeitos debilitantes da radioterapia, sem comprometer a eficácia do tratamento.

"A radiação pode ajudar muito em muitos tumores, mas também entendemos que os efeitos colaterais podem ser limitantes. Existe uma demanda não atendida em ajudar os pacientes a mitigarem o risco de danos aos tecidos subjacentes", declarou ao site Science Daily o professor de engenharia mecânica do MIT e gastroenterologista Giovanni Traverso.

Atualmente, há muito poucas maneiras de se evitar os efeitos negativos da radiação, que podem se manifestar através de pequenas feridas e até mesmo de sangramento nos tecidos. Tais efeitos adversos geram muito sofrimento muitas vezes levam pacientes a abandonarem o tratamento.

“São efeitos que podem ser muito perigosos e algo que queríamos muito resolver”, afirmou o professor de radiologia oncológica da Universidade de Iowa, James Byrne.

“Ursos aquáticos”

Tardígrados são animais multicelulares e têm um tamanho típico de apenas um milímetro. Observados por microscópio, são seres gorduchos como ursos e de oito patas, com uma boca onde seria sua cabeça e parecem saídos das mais criativas obras de ficção científica.

Ocorrem de maneira mais abundante na água, mas estão por toda a parte: florestas tropicais, no alto de montanhas, no frio extremo dos polos e nas profundezas dos oceanos. Em 2007, uma experiência levou mais de uma centena deles para uma volta completa ao redor da Terra por dez dias.

Além da falta de oxigênio, os tardígrados enfrentaram o teste de sobrevivência a uma dose de radiação solar. Portanto, seus mecanismos biológicos devem fornecer algumas das mais consistentes inspirações para adquirir alguma imunidade contra a energia derivada de uma exposição radioativa.

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Esta reportagem compilou dados do estudo utilizando a ferramenta Google NotebookLM.

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