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Uma das frentes da pesquisa busca agir no nascedouro do mosquito, com o desenvolvimento de uma substância para eliminar as larvas. | Roberto Custodio/Jornal de Londrina
Uma das frentes da pesquisa busca agir no nascedouro do mosquito, com o desenvolvimento de uma substância para eliminar as larvas.| Foto: Roberto Custodio/Jornal de Londrina

Repelentes naturais combinados mostraram alto potencial de mortalidade do mosquito

Francisco de Assis Marquespesquisador.

Um repelente com cheiro menos intenso e maior tempo de proteção. Um aerossol capaz de eliminar a praga em apenas uma borrifada. E um larvicida natural que não seja tóxico e nocivo para o meio ambiente. Esses são os três produtos em desenvolvimento na Universidade Federal do Paraná (UFPR) para combater o mosquito transmissor de doenças como dengue, zika vírus e febre chikungunya.

Os estudos fazem parte de um projeto do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para controle de pragas agrícolas, florestais e urbanas. Eles contam com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e estão sendo desenvolvidos há mais de um ano no Laboratório de Ecologia Química e Síntese de Produtos Naturais da UFPR. Para sintetizar os produtos, a universidade paranaense conta com o apoio da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) no desenvolvimento de novas moléculas.

Segundo o professor Francisco de Assis Marques, o aerossol é a frente mais avançada da pesquisa. “Trabalhamos com repelentes naturais que, quando combinados, mostraram alto potencial de mortalidade do mosquito”, afirma o pesquisador. Por enquanto, a combinação das substâncias vem sendo testada dentro de uma gaiola, onde o mosquito é uma presa mais fácil. “Agora queremos aumentar a eficiência”, diz.

Mortes

No Brasil, 693 pessoas morreram por dengue entre janeiro e agosto de 2015 – 70% a mais do que no mesmo período do ano passado. Estima-se que 50 milhões de infecções pela doença ocorram anualmente e que aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas morem em países onde a dengue é endêmica.

No campo dos repelentes, a ideia é apresentar um produto que tenha maior aceitação do mercado. A citronela é uma das substâncias naturais alvo dos estudos. “Mas ela tem cheiro forte e pequeno poder de repelência. Por isso, estamos modificando sua estrutura química e combinando com outras substâncias. Queremos triplicar o tempo de repelência e diminuir o odor”, explica o professor. Os primeiros testes com esse produto começaram em outubro.

A terceira frente da pesquisa tenta agir no nascedouro do mosquito mais temido do país. O grupo coordenador por Marques busca criar um larvicida menos nocivo ao meio ambiente. “Criar um composto para matar larva não é difícil para um químico. Mas alguns dos larvicidas hoje utilizados no Brasil já foram até banidos de países europeus e estados americanos por causa da sua toxicidade. O controle de pragas precisa ser efetivo e com o menor impacto possível”, ponderou o professor da UFPR. Hoje um dos larvicidas mais comuns no combate ao mosquito da dengue é o Pyritroxyfen.

Aumenta procura por repelentes

Segundo o Ministério da Saúde, os casos de dengue no Paraná duplicaram. Em 2014, foram 22.299 mil. Neste ano, já foram constatados 46.293 mil casos no estado.

Com epidemias da doença espalhadas por todo país, o uso de repelente tornou-se uma alternativa para se proteger. Nas farmácias e estabelecimentos comerciais de Curitiba, a procura pelo produto aumentou e a variedade é pequena em algumas farmácias.

Na Preço Popular, o repelente pode ser encontrado por um valor mais acessível do que nos outros locais (R$ 13,90), porém há somente uma marca disponível e apenas algumas unidades da rede apresentam versão para crianças (R$ 18,40). Na Nissei, há mais opções e os preços oscilam entre R$ 13,95 e R$ 35,78 de acordo com a marca e o tipo do produto. Além do repelente, utilizado diretamente na pele, o ministério indica o uso de inseticidas e roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia.

Colaborou: Larissa Mayra

Luta vai de vacina a mosquito transgênico

As pesquisas desenvolvidas na UFPR são complementares a outros estudos no combate ao mosquito, como a produção de uma vacina. Há também um projeto em desenvolvimento em Jacobina, na Bahia, que tenta combater o Aedes aegypti com mais Aedes aegypti. Em parceria com a ONG Moscamed, pesquisadores da USP soltaram na cidade mosquitos machos geneticamente modificados com um gene letal, que acaba repassado à fêmea durante a cópula. Assim, ela gera filhotes propensos à morte prematura.

Três anos atrás, o método, patenteado pela empresa britânica Oxitec, já havia sido adotado em vilas de Juazeiro, também na Bahia. Naquela época, os pesquisadores defenderam que a diminuição da população de mosquitos da dengue foi de até 90%. Mas a reprodução dos transgênicos também sofre críticas por, supostamente, não mensurar os impactos dessa nova população de mosquitos no ambiente e não ser transparente com os moradores das áreas onde os testes são realizados.

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