
Repelentes naturais combinados mostraram alto potencial de mortalidade do mosquito
Um repelente com cheiro menos intenso e maior tempo de proteção. Um aerossol capaz de eliminar a praga em apenas uma borrifada. E um larvicida natural que não seja tóxico e nocivo para o meio ambiente. Esses são os três produtos em desenvolvimento na Universidade Federal do Paraná (UFPR) para combater o mosquito transmissor de doenças como dengue, zika vírus e febre chikungunya.
Os estudos fazem parte de um projeto do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para controle de pragas agrícolas, florestais e urbanas. Eles contam com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e estão sendo desenvolvidos há mais de um ano no Laboratório de Ecologia Química e Síntese de Produtos Naturais da UFPR. Para sintetizar os produtos, a universidade paranaense conta com o apoio da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) no desenvolvimento de novas moléculas.
Segundo o professor Francisco de Assis Marques, o aerossol é a frente mais avançada da pesquisa. “Trabalhamos com repelentes naturais que, quando combinados, mostraram alto potencial de mortalidade do mosquito”, afirma o pesquisador. Por enquanto, a combinação das substâncias vem sendo testada dentro de uma gaiola, onde o mosquito é uma presa mais fácil. “Agora queremos aumentar a eficiência”, diz.
No campo dos repelentes, a ideia é apresentar um produto que tenha maior aceitação do mercado. A citronela é uma das substâncias naturais alvo dos estudos. “Mas ela tem cheiro forte e pequeno poder de repelência. Por isso, estamos modificando sua estrutura química e combinando com outras substâncias. Queremos triplicar o tempo de repelência e diminuir o odor”, explica o professor. Os primeiros testes com esse produto começaram em outubro.
A terceira frente da pesquisa tenta agir no nascedouro do mosquito mais temido do país. O grupo coordenador por Marques busca criar um larvicida menos nocivo ao meio ambiente. “Criar um composto para matar larva não é difícil para um químico. Mas alguns dos larvicidas hoje utilizados no Brasil já foram até banidos de países europeus e estados americanos por causa da sua toxicidade. O controle de pragas precisa ser efetivo e com o menor impacto possível”, ponderou o professor da UFPR. Hoje um dos larvicidas mais comuns no combate ao mosquito da dengue é o Pyritroxyfen.



