
Hoje é o dia "D" da imunização contra a gripe A (H1N1) no Brasil. Na mira: jovens de 20 a 29 anos, gestantes e doentes crônicos. Cerca de 36 mil postos vão disponibilizar a vacina à população. A iniciativa do Ministério da Saúde é uma tentativa de reverter os baixos índices de adesão à campanha até agora. Em cerca de trinta dias de campanha e a pouco mais de um mês para o seu fim, apenas 12,9 milhões de pessoas no Brasil já se imunizaram número que equivale a cerca de 22% do público-alvo.
"Estamos, mais uma vez, convocando as pessoas das três primeiras etapas para se vacinar. Amanhã a grande maioria não trabalha, não tem aula e, por isso, pode procurar o posto de saúde para se proteger", convocou o ministro da saúde José Gomes Temporão. Em Curitiba, o dia "D" acontece em diversos pontos: unidades de saúde, mercados, terminais de ônibus, shoppings e parques.
De acordo com dados da primeira e segunda etapa, somente 32,8% dos doentes crônicos e 41% das grávidas foram vacinados no Brasil (o mínimo seria 80% para cada público). E, na primeira semana da terceira etapa (imunização de jovens de 20 a 29 anos), apenas 10% do público-alvo foi vacinado no país. "Nesta etapa dos jovens tivemos de adotar uma nova estratégia de vacinação, porque adultos não têm a cultura de se vacinar. O dia "D" é para tentar facilitar este acesso, já que muitos trabalham", explica o superintendente de vigilância em saúde da Secretaria Estadual de saúde (Sesa), José Lucio dos Santos.
A baixa adesão à campanha chamou a atenção do presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia, Alceu Fontana Pacheco. "É estranho. Você tem uma população exposta ao risco de morrer e que tem uma arma para evitar isso. Todos deveriam correr atrás", afirma.
O Paraná é o segundo estado que mais vacinou gestantes e doentes crônicis no país, depois do Maranhão, mas, mesmo assim, os porcentuais estão longe do ideal. "Sabe-se que alguns ginecologistas e obstetras estão desaconselhando a vacinação. É pura desinformação, a vacina não vai causar mal algum", diz Pacheco.
Dados do Ministério da Saúde mostram que dos 361 casos graves registrados neste ano, 20% eram de vítimas gestantes. Dos 50 óbitos, 76% eram mulheres e 32% estavam grávidas. "Imagine a gestante que, por medo ou desconhecimento, não se vacina. Daí ela adquire a doença, morre e perde a criança. Isso não pode acontecer", afirmou o ministro. No Paraná 55% das gestantes foram vacinadas e, em Curitiba, 76,5%.
Já os doentes crônicos, segundo os especialistas, podem estar resistindo à vacina por não perceber que a gripe suína pode ser um complicador de seu quadro de saúde. Por outro lado, ao contrário dos jovens, gestantes e doentes crônicos, a imunização das crianças de 6 meses a 2 anos atingiu a meta, com 98% da população vacinada em Curitiba e 85,4% no Paraná. Só no Brasil o índice ainda está abaixo, com 66%. "Os pais têm mais responsabilidade com os filhos do que consigo mesmo", comenta a diretora do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Karen Luhm.
Outro grupos
Ontem, a Assembleia Legislativa do Paraná voltou a pedir que todos os paranaenses sejam vacinados. Mas, durante a coletiva de imprensa em Brasília, o ministro da saúde lembrou que o critério de cobertura enfatiza o aspecto da vulnerabilidade e de grupos que tendem a desenvolver mais síndromes a ponto de chegar a morte.
A vacinação dos jovens de 20 a 29 anos segue até o dia 23 de abril, idosos com mais de 60 anos serão imunizados entre 24 de abril e 7 de maio. Já a população de 30 a 39 anos será atendida entre 10 e 21 de maio. Idosos também terão o seu dia "D" no dia 24 de abril eles, em especial, vão receber a vacina da gripe H1N1 e da sazonal.




