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Cuidados

Vírus e bactérias a bordo do navio

Doenças gastrointestinais e respiratórias são as mais comuns em viagens de cruzeiros. O passageiro que for embarcar deve se prevenir

Navio MSC Armonia enfrentou surto de gripe B este ano: a tripulante Fabiana dos Santos, 30 anos, morreu | Mauricio de Souza / Agência Estado
Navio MSC Armonia enfrentou surto de gripe B este ano: a tripulante Fabiana dos Santos, 30 anos, morreu (Foto: Mauricio de Souza / Agência Estado)

Fazer um cruzeiro em família ou com amigos parece somente diversão. Casos de surtos ou de pessoas doentes durante as viagens, porém, têm assustado aqueles que pretendem embarcar. O último deles aconteceu neste ano, com a morte da tripulante do navio MSC Armonia Fabiana dos Santos, de 30 anos, que chegou a ser internada com sintomas de Influenza B. Segundo especialistas, o fato de o navio ser um ambiente confinado e com muitas pessoas acaba facilitando surtos. Portanto, quem está pensando em fazer uma viagem dessas deve se prevenir.

DEPOIMENTO: Confira o relato de uma turismóloga

As doenças gastrointestinais e respiratórias são as mais comuns tanto em tripulantes, quanto em passageiros. O infectologista do Hospital Evangélico Sérgio Penteado afirma que, como a exposição das pessoas é grande, os surtos são mais prováveis, mas ele defende que a atuação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem contribuído para minimizar o problema. "Aqui você tem navios de quarentena até que se possa definir qual é o tipo de vírus e bactéria. Tem funcionado bem, quando há denúncia."

Sobre a morte da tripulante Fabiana, a médica Flávia Bravo, do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante (CMBEVi), afirma que casos de Influenza B acontecem todo ano. "Não é frequente, mas pode acontecer de evoluir dessa maneira e ser devastador. A prevenção pode ser feita com a vacina", diz. Flavia diz que uma das razões para o contágio ser tão fácil é que a gripe infecta superfícies e não é preciso contato íntimo com o doente para ser transmitida.

Já no caso das doenças gastrointestinais, o infectologista e especialista em medicina do viajante Jaime Rocha, da Frischmann Aisengart, afirma que deve haver cuidados com a alimentação. "Em teoria, as empresas garantem a qualidade dos alimentos, mas o consumidor deve estar atento. Especialmente em relação à refrigeração."

O maior vilão das viagens de cruzeiros, segundo os especialistas, é o norovírus. "Ele tem um período de incubação curto e a doença pode ser transmitida antes mesmo dos sintomas aparecerem", explica Flávia, que também é autora e coordenadora do Guia de Saúde para Viagens em Navios do CMBEVi.

A infectologista do Hospital Vita Batel Marta Fragoso lembra que outras doenças também podem acometer os passageiros. "Eventualmente a meningite e a varicela podem acontecer se houver algum portador da doença. O risco é grande por conta do ambiente confinado".

DepoimentoCarla (nome fictício), 26 anos, turismóloga.

"Tive duas passagens por navios como tripulante. A primeira foi de nove meses em um cruzeiro pela Europa e a segunda foi de um mês com passagens pelo Brasil e Argentina. Na questão de higiene, vi muitas coisas. Quando os camareiros limpam o banheiro, não têm um pano para cada cabine. Então, usamos a toalha utilizada pelo passageiro. E essa toalha que limpa o banheiro, limpa também o copo do passageiro que fica na cabine, lavado com água quente. Vi vários camareiros que faziam questão de limpar o copo por último. Também já vi camareiro passar a escova de dente do hóspede na patente, porque a pessoa reclamava demais ou pedia coisas demais. Não trabalhei no restaurante, mas também ouvia histórias assim de lá. Se a bandeja de queijos caísse no chão, o pessoal só dava uma soprada no alimento e colocava de volta para consumo."

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