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obituário

Ana Paula Posselt: a dedicação da amiga para todas as horas

 | Arquivo da família
(Foto: Arquivo da família)

Amiga de muitos e querida por outros tantos, Ana Paula Posselt teve uma vida repleta de amor. Contrariando a fama dos naturais de Curitiba, cidade em que nasceu, era do tipo de pessoa que fazia amizades em todos os lugares que frequentava. Seu grande legado foi a força das relações que construiu, por meio de muito cuidado, preocupação e vontade de ajudar aqueles que gostava.

Foi a vontade de ajudar, inclusive, que a aproximou do homem que viria a ser seu marido, com quem permaneceu por cerca de 11 anos. Ana conheceu Pedro em 2005, na faculdade de Tecnologia de Informação, e foi responsável por ajudá-lo a superar um divórcio traumático. Não apenas incentivou o amigo a procurar tratamento psicológico, como se encarregou de agendar as consultas e levá-lo até elas.

A prática do bom relacionamento se repetiu no ambiente de trabalho no Grupo Uninter. Lá, uma história que ficou marcada ocorreu quando ela ajudou uma colega cuja filha havia nascido prematura. O bebê tinha chegado ao mundo com apenas 850 gramas e a mãe precisou de amparo. Levando e buscando em hospitais e ajudando a cuidar da pequena, Ana se tornou um apoio emocional para a amiga.

Mais tarde, acabou se tornando madrinha da criança, que entrou para um grupo de quase dez afilhados. Eles são de diversas partes do Brasil e até do exterior. Ana não teve filhos, porém, dedicou um amor similar ao materno aos pequenos. Eles recebiam o carinho e os mimos da madrinha em forma de visitas e de presentes.

Ana gostava muito da praia, onde costumava passar longas temporadas – em especial no litoral de Santa Catarina. O ambiente também era ideal para que praticasse a fotografia, um de seus hobbies preferidos. A atividade foi outra maneira de estar próxima das pessoas que gostava. Registrava momentos especiais e realizava, informalmente, ensaios fotográficos das amigas. Um de seus sonhos era se dedicar inteiramente à fotografia.

A casa de Alvaro, um dos irmãos, com muita área verde e vários cantos inusitados, era outro local que rendia boas imagens, muitas das quais foram eternizadas pelas lentes da curitibana. Na casa dele também aconteciam as reuniões em família, momentos de felicidade que reavivavam a união do grupo. A mãe, os três irmãos e seus respectivos filhos e cônjuges costumavam se encontrar para comer pizza e conversar.

Pelo irmão Alvaro, menos de um ano mais velho, sentia uma afinidade especial. Criados praticamente como gêmeos, os dois chegaram a dividir até mesmo o apelido: ela era Tita, ele, Tito.

Ana adoeceu de câncer em 2014 – a mesma enfermidade que levou seu pai, quando ela tinha 8 anos. Extremamente vaidosa, ficou muito abalada emocionalmente quando seus cabelos começaram a cair por causa da quimioterapia. Uma peruca foi feita com seus próprios cabelos para que ela pudesse manter os hábitos de vaidade, que também incluíam um armário repleto de roupas e sapatos.

Mesmo com a condição, que a debilitava em muitos momentos, Ana não deixou a proatividade e a caridade – suas característica mais marcantes – de lado e ingressou no trabalho voluntário. Passou a dedicar grande parte de seus dias à entidade Anjos do Bem, confeccionando anjinhos de tecido para doar às pessoas com câncer. Ingressou no grupo despretensiosamente, mas a atividade acabou se tornando “o tesouro de sua vida”, como definiu o marido.

Internada em um hospital nos últimos dias, em 21 de maio, Ana esperou que todos chegassem para a despedida. Rodeada pelos familiares, que faziam orações em seu leito, partiu em paz. Deixa o marido, a mãe, três irmãos, os afilhados e muitos amigos.

Dia 21 de maio, aos 44 anos, de complicações de câncer de mama, em Curitiba.

Colaborou: Cecília Tümler.

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