A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid se tornou o pilar central, e também o mais vulnerável, da acusação de golpe de Estado comandada pela Procuradoria-Geral da República e pelo ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
Em que pesem os constantes vazamentos de conversas de Mauro Cid nas redes sociais, se queixando de coação para falar o que a Polícia Federal e Moraes queriam, o ministro do STF tem demonstrado uma paciência quase infinita com as contradições do delator. Cid recebe seguidamente “uma última chance” para dizer a verdade, mesmo após mudar seus depoimentos várias vezes, reclamar de coerção e alegar que tudo é um jogo de cartas marcadas.
Essa tolerância levanta a questão: o ministro Alexandre de Moraes teria se tornado "refém de Mauro Cid"? O que levou o ministro a ordenar a prisão do colaborador e revogar a ordem, horas depois, quando a Polícia Federal já estava na porta da casa do militar?
No mais recente desdobramento do caso, o advogado de Mauro Cid disse que a Procuradoria-Geral da República deveria “se danar”, porque seu cliente não deve explicações sobre o fato de toda a família estar em viagem aos Estados Unidos. Viagem da qual os familiares “não têm data prevista para retornar”.
Se delação de Cid a Moraes cair, cai tudo?
Se a delação de Mauro Cid for anulada, caem também as supostas provas vinculadas às palavras do militar? Esta é uma das perguntas que serão debatidas no programa Última Análise no canal da Gazeta do Povo no YouTube, nesta segunda-feira (16), que conta com a participação do ex-chefe da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, do jurista André Marsiglia e do colunista Guilherme Kilter.
Segundo reportagem da revista Veja, o militar teria usado o perfil da esposa no Instagram para desabafar novamente, contradizendo sua própria afirmação no interrogatório do STF de que não utilizava redes sociais. Mensagens como "Várias vezes eles queriam colocar palavras na minha boca" e "Eles toda hora queriam jogar para o lado do golpe" revelam um delator que se sentia pressionado e que parece não conseguir cumprir o roteiro combinado com a PGR e a Polícia Federal.
O “drama” de Moraes parece ter sido o de colocar todos os ovos da suposta trama golpista na "cesta" de Mauro Cid; agora, com essa cesta caindo ao chão, haverá o que salvar das alegações do delator? Ou a prisão do ex-ministro Gilson Machado seria uma tentativa de Moraes de encontrar um "delator substituto" para Cid? Assista no Última Análise.



