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Manoel (nome fictício) se acidentou no Natal e perdeu parte de três dedos | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Manoel (nome fictício) se acidentou no Natal e perdeu parte de três dedos| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Diversão segura

Cuidados necessários na hora de lidar com fogos:

Precauções

> Não segure os fogos de artifício com as mãos.

> Prenda o rojão em uma armação, em uma cerca ou em um muro, e não fique próximo na hora de acendê-lo.

> Não tente acender os fogos que falharem.

> Confira sempre o certificado de garantia do foguete.

> Tenha sempre um recipiente de água por perto para colocar os foguetes já usados, ou aqueles que falharam, para não haver riscos de novas explosões.

> Dispare os fogos somente ao ar livre, um de cada vez, e veja se não há substâncias inflamáveis ou rede elétrica nas proximidades.

> Nunca associe bebida alcoólica ao uso de fogos.

Em caso de acidente:

> Em caso de queimadura, é preciso resfriar o local com água.

> Depois, molhe um pano limpo em água e enrole o local atingido, prendendo-o com uma atadura. Se a queimadura não tiver levantado bolhas, o procedimento pode ser repetido em 24 horas, até a procura pelo atendimento médico.

> Caso haja uma lesão profunda com sangramento, é preciso que seja feito um tamponamento do local atingido com um pano limpo ou um torniquete para o estancamento do sangue.

> Nunca deixe de procurar o atendimento médico.

Fonte: Corpo de Bombeiros e Hospital Evangélico

Para Manoel (nome fictício), 25 anos, soltar fogos de artifício sempre foi uma diversão sem maiores problemas. Porém, este ano, o metalúrgico faz parte da constatação do levantamento nacional feito pela Associação Brasileira de Cirurgia da Mão (ABCM) que aponta que a cada dez pessoas que se acidentam com o artefato, uma sofre am­­putação de membro. As estatísticas do Hospital do Traba­­lha­dor, em Curitiba, confirmam os números. Dos 30 casos provenientes de explosões e atendidos entre dezembro de 2008 e fevereiro de 2009, três pacientes tiveram lesões graves. As vítimas sempre eram homens, na faixa etária de 20 a 40 anos, atingidas na mão direita.

Segundo o médico e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luis Carlos Sobaina, especialista em cirurgia da mão, as consequências do acidente são graves: o paciente normalmente passa por 4 a 5 cirurgias de reparação e fica de 6 a 8 meses afastado de suas atividades profissionais; ele lembra que alguns nem voltam a trabalhar. Na sua opinião, a redução desse tipo de acidente só vai ocorrer quando houver a restrição de venda dos fogos de artifício para pessoas jurídicas. "Soltar fogos deveria ser uma atividade de profissionais", reitera. Além dos ferimentos de mão, Sobaina recorda que há lesões de ouvidos – pelo barulho – e oculares, em decorrência das faíscas.

O diretor técnico do Hospital do Trabalhador, Hermann Valentim Guimarães, afirma que as ocorrências são maiores nas festas de fim de ano. No ano passado, dos 44 pacientes atendidos durante o ano, 30 vieram em decorrência das comemorações natalinas, de ano-novo e carnaval. " A mistura de bebida alcoólica e fogos de artifício é uma combinação perigosa", lembra. O médico conta que Manoel foi um dos quatro pacientes graves atendidos entre a véspera e o dia de Natal no hospital. No total, seis pessoas procuraram o Hospital do Trabalhador.

O caso de Manoel e o amigo adolescente, atendidos na mesma noite, pode ser mais comum do que se imagina, lembra Guimarães. Conforme relato do paciente, ele e o cunhado foram comprar os artefatos em uma loja do bairro Tatuquara, onde mo­­ram. Gastaram em torno de R$ 20 entre rojões, bombas e foguetes, que deveriam ser soltos antes da meia-noite. Manoel diz que, ao tentar soltar a quinta bomba, percebeu que estava com problemas. Pediu a ajuda do amigo para que acendesse o artefato. Não deu tempo de soltá-lo. O metalúrgico conta que sentiu um tremor no corpo e um choque muito forte. "Quando vi, minha mão estava sangrando", recorda. O procedimento, conta ele, foi rápido. Improvisou um torniquete e entrou no carro em direção ao hospital. Perdeu parte de três dedos e ainda teve lesões nos olhos. Hoje, ele tem consciência do perigo e avisa os que têm intenção de soltar fogos: saber onde comprar, procurar ler as instruções da embalagem e nunca deixar uma criança ficar próxima. "Dê preferência para pessoas experientes", aconselha.

No Hospital Evangélico, o panorama não é muito diferente. Só neste ano, a noite de Natal vitimou dez pessoas. No ano passado, entre o Natal e o ano-novo, foram 29 atendimentos. Para o chefe do setor de queimados, o médico José Luis Takaki, em 4 mil pacientes atendidos anualmente, em média, pelo setor, 400 apresentam queimaduras causadas por explosões. O tratamento das lesões – na mão, no braço e na face – chega a durar duas semanas. Queima­duras mais profundas chegam a atingir nervos e músculos, e algumas necessitam de enxerto de pele.

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