
As chuvas de verão que castigam o país desde novembro do ano passado deixaram um saldo impressionante: 200 pessoas morreram e quase 200 mil ficaram desabrigadas ou desalojadas com as enchentes. No total foram seis estados prejudicados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Centenas de municípios decretaram situação de calamidade e, apesar de não se saber exatamente o valor do prejuízo, ele pode passar da casa dos bilhões. A única certeza entre os especialistas é que o homem é o grande causador dessa tragédia.
O primeiro estado atingido foi Santa Catarina, em novembro do ano passado. A enchente deixou algumas cidades com um cenário de pós-guerra. Os catarinenses tiveram o maior número de óbitos. O saldo final foi parecido com o de um conflito armado: 135 mortos e 15 mil desabrigados e desalojados. O estado seguinte a ter fortes chuvas foi o Rio de Janeiro, onde quase 50 mil pessoas ficaram sem suas casas.
Em Minas Gerais houve o maior número de desabrigados. Perto de 100 mil pessoas perderam seus lares, o recorde do país, e 30 perderam suas vidas devido às enchentes. A Defesa Civil do estado calcula que 800 mil cidadãos foram prejudicados. Junto com Minas, os estados de São Paulo e Espírito Santo sofreram com as inundações no início deste ano. Na capital paulista os moradores ainda sentem os efeitos das fortes chuvas. No último fim de semana mais três pessoas morreram, totalizando 13.
O Espírito Santo foi menos atingido, mas mesmo assim teve cinco mortes por leptospirose. A doença é um preocupação que vem em um segundo momento, mas que é tão prejudicial quanto as chuvas. Foram confirmados 55 casos no estado no início de janeiro. Em São Paulo, a Secretaria de Saúde do estado está alertando a população. A recomendação é que as pessoas usem luvas e botas para realizar a limpeza das casas.
Segundo o médico Rached Hajar Traya, chefe do pronto-socorro do Hospital do Trabalhador, a doença é causada pela urina do rato e os principais sintomas são náuseas, dor muscular, febre e dor de cabeça. Se não for tratada rápido, pode levar à morte. "É preciso evitar áreas onde há acúmulo de água fruto de enchente. O paciente que contrai a doença fica com cor amarelada e pode ter insuficiência renal e até vir a óbito". Há também riscos de surtos de diarreia e outras doenças causadas por parasitas.
Danos
A infraestrutura dos estados é bastante prejudicada com as fortes chuvas. Em Minas Gerais, mais de 170 pontes foram destruídas. Em Santa Catarina várias rodovias foram danificadas por quedas de barreiras e desmoronamentos, entre elas a BR-101, ligação entre o estado e o Paraná. Vinte rodovias estaduais tiveram trechos interrompidos, como a SC-416, quilômetro 30, entre Jaraguá do Sul e Pomerode, SC-470 entre Itajaí e Blumenau, e a SC-486 entre Itajaí e Brusque.
Para tentar diminuir os estragos, a sociedade civil, os governos municipais, estaduais e federal liberaram verbas para ações emergenciais. Em Santa Catarina, a Defesa Civil arrecadou mais de R$ 33 milhões em doações. Parte da verba será uma bolsa-auxílio com duração de seis meses no valor de R$ 415 para as famílias atingidas pelas chuvas. O restante será destinado à reconstrução de casas. No Rio de Janeiro a Assembleia Legislativa destinou R$ 27 milhões para os municípios afetados pelas chuvas.






