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CONTAMINAÇÃO

200 vítimas do césio-137 ainda sem indenização

Após 23 anos do acidente em Goiânia, Justiça quer agilizar processos de reparação de danos a pessoas expostas à radiação

Em 1987, a limpeza radioativa em Goiânia começou 15 dias após o contato inicial | Arquivo / Diário da Manhã
Em 1987, a limpeza radioativa em Goiânia começou 15 dias após o contato inicial (Foto: Arquivo / Diário da Manhã)

A Justiça de Goiás decidiu criar uma força-tarefa para agilizar a concessão de benefícios às vítimas de contaminação por césio-137. Após 23 anos do acidente radioativo, a estimativa é que mais da metade das vítimas não receberam os recursos a que têm direito. Em 1987, centenas de moradores de Goiânia foram expostos à radiação do metal após contato com uma cápsula abandonada de um instituto de radiografia.

Até o momento, 468 pedidos de indenização foram solucionados e outros 200 aguardam julgamento na Justiça. O valor da pensão varia de R$ 510 a R$ 822, no caso das 16 pessoas que ficaram incapacitadas para trabalhar após o acidente. De acordo com o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, Paulo Teles, os casos pendentes dependem da resolução de processos administrativos que envolvem até perícias médicas.

Teles diz que faltou ao Judiciário ver o tema como prioridade: "A demora é inadmissível. Ele não cumpriu seu papel de resolver o caso", afirma. A lentidão, segundo ele, é ligada ao fato de cada processo ser julgado isoladamente.

Reivindicação

Em Goiás, a responsabilidade dos processos é da Superintendência Leide das Neves (Suleide), ligada à Secretaria da Saúde e que leva o nome de uma menina vítima do episódio de radiação. Segundo o órgão, desde o início do ano não há perícia pendente e nunca houve acúmulo de processos.

O presidente da associação das vítimas, Oderson Oliveira, 55 anos, afirma que também é urgente a Justiça determinar o pagamento de assistência médica a quem teve contato com a radiação. De acordo com Oliveira, a maioria das vítimas tem hoje mais de 50 anos e sofre com doenças como câncer, bronquite, hipertensão e osteoporose. A associação diz que mais de 80 pessoas morreram desde o incidente devido às sequelas, mas o Estado contesta o dado. Outra reivindicação feita pela entidade é que o governo pague pensão para os filhos de vítimas.

História

A contaminação de césio em Goiânia começou depois que dois catadores de papel desmontaram um aparelho de radioterapia encontrado nas dependências do antigo Instituto Goiano de Radioterapia (IGR). Achando que se tratava de uma sucata, o aparelho foi desmanchado e suas partes vendidas a ferros-velhos da cidade. Em um desses locais, uma cápsula com césio-137 foi aberta. A substância brilhante encontrada foi mostrada a várias pessoas. Depois desse episódio, casos de vômito, diarreia e tontura começaram a ser notificados nos hospitais de Goiânia. A causa foi descoberta duas semanas depois. Em 1996, três sócios e funcionários do IGR foram condenados pela Justiça a prestar serviços sociais.

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