
Do número total de inquéritos e processos de homicídios ativos no Paraná, 23% dos crimes foram cometidos por motivos fúteis ou por impulso, segundo estimativa do Ministério Público do estado (MP). Apesar de ter ficado atrás de outros estados nesse índice, como São Paulo (83%) e Rio de Janeiro (27%), todos esses homicídios poderiam ter sido evitados se os causadores mantivessem a calma, contando até dez para fazer passar a ira do momento.
Essa é a proposta do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que lançou, nesta quinta-feira (8), a campanha nacional Conte até 10. Paz. Essa é a atitude. A iniciativa tem como objetivo diminuir as mortes cometidas por impulso, em situações como brigas em bares, discussões no trânsito ou entre vizinhos. A proposta faz parte da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp) e conta com a parceria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Ministério da Justiça (MJ).
Regional
A campanha possui braços regionais o lançamento no Paraná, que deve contar com a participação do campeão paranaense do UFC, Mauricio Shogun, será ainda neste mês, mais ainda não tem data definida. O promotor Paulo Sergio Markowicz explica que a campanha terá participação das Secretarias estaduais de Justiça e Educação. "Queremos atingir os jovens levando a proposta até as escolas do estado com pessoas que debatam esse tema com eles, como promotores, defensores públicos e até mesmo atletas", afirma.
Para atingir seu público principal, atletas conhecidos do público estrelam os filmes da campanha, que serão veiculados na tevê, e trazem mensagens como "Quem é da paz não briga", "A raiva passa. A vida fica" e "Sua vida vale mais que qualquer briga": os campeões mundiais do UFC, Anderson Silva e Júnior Cigano e os judocas Leandro Guilheiro e Sarah Menezes. "Eles mostram que, dentro da arena do UFC, vale lutar para vencer, mas fora não, ressaltando o companheirismo entre eles fora dos ringues", aponta Markowicz.
O material de divulgação inclui ainda jingles, anúncios para jornais e revistas, ações em mídias digitais e redes sociais e um jogo na internet. Também será distribuída, a partir de 2013, uma cartilha educativa que tem como objetivo orientar professores sobre como tratar o tema da violência em sala de aula.
Além de diminuir os homicídios por impulso, Markowicz espera que outros tipos de violência sejam contidos no estado. "Queremos combater outras formas de estimulo à criminalidade, como conflitos entre alunos e professores, brigas familiares e entre vizinhos", explica. Outro ponto positivo que pretende ser alcançado com a campanha é o levantamento preciso de crimes por impulso cometidos no estado, já que os bancos de dados serão abastecidos com as causas dos homicídios.
Dados
De acordo com o Mapa da Violência 2012, divulgado pelo MJ, foram registrados quase 50 mil homicídios no Brasil em 2010. O número representa uma média de 26 assassinatos para cada grupo de cem mil habitantes, o que coloca o país entre os mais violentos do mundo.
Segundo levantamento do CNMP, entre 2011 e 2012, os homicídios por impulso e por motivo fútil representaram desde 25% a mais de 80% dos crimes cometidos, dependendo do estado. Como não há critério uniforme de classificação de homicídios no Brasil, esses números, relativos a 15 estados e ao Distrito Federal, foram levantados entre as categorias normalmente associadas à atuação impulsiva do autor do crime pelas Secretarias de Segurança Pública ou pelo Ministério Público dos estados.



