
Juntos, os motoristas curitibanos cometeram 2.760 infrações por dia nas ruas da capital. Esta é a quantidade de irregularidades flagradas, em média, pelos radares instalados na capital. Ao todo, entre abril mês de início de operação dos novos equipamentos e outubro, os radares detectaram 568.638 infrações. Os dados de novembro e dezembro de 2010 ainda não foram finalizados pela Urbanização de Curitiba S.A (Urbs), empresa que gerencia o trânsito na cidade. Os números destes sete primeiros meses de operação representam um aumento de 64,6% na comparação com o ano 2009, quando, em 11 meses, foram flagradas pouco mais de 345 mil irregularidades.
A instalação de novos equipamentos de fiscalização em Curitiba foi definida no contrato firmado entre a prefeitura e a Consilux, empresa responsável por operar o sistema de radares. Os novos aparelhos substituíram os 110 radares instalados na capital em 1999. Até o último dia 20 de dezembro, 119 novos equipamentos já estavam em operação. Outros 21 ainda serão instalados, totalizando 140 radares.
A principal diferença entre os equipamentos novos e antigos está no nível de fiscalização. Cerca de metade dos radares atuais, além do excesso de velocidade, também flagra avanço de sinal vermelho, parada sobre a faixa de pedestre e também retorno e conversões proibidas. Dentre as 568,6 mil infrações flagradas entre abril e outubro, 47% estão relacionadas a estas funções adicionais (ver tabela ao lado).
Para a diretora de trânsito da Urbs, Rosângela Battistella, este aumento da vigilância sobre os motoristas, realizado pelos novos radares, faz com que o número de infrações detectadas diariamente seja alto. "Estas infrações sempre aconteceram, mas antes não eram flagradas. Os equipamentos com os novos recursos ajudam a fiscalizar e também a educar, já que os agentes de trânsito não conseguem estar em todos os lugares ao mesmo tempo", diz.
O fator "novidade" também colabora para o número considerável de flagrantes. Ao final do processo de instalação dos 140 novos radares, 69 estarão operando em locais onde não havia equipamentos anteriormente. "No início, o motorista não está acostumado com os recursos e locais novos dos radares e, para alguns, existe o descrédito de que efetivamente estejam sendo autuados", analisa o advogado e consultor de trânsito, Marcelo Araújo. "Com o tempo, os motoristas vão se adequar e a tendência é que o número de infrações diminua no próximo ano", complementa o especialista.
Battistella e Araújo ainda apontam a pressa e a falta de planejamento como motivadores de irregularidades no trânsito "Todas as pessoas querem chegar o mais rápido no destino enfrentando o menor número de obstáculos. Para isso, o motorista tem que buscar caminhos alternativos ou sair mais cedo de casa, o que não ocorre na maioria da vezes", opina Araújo que também é presidente comissão de trânsito da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Logicamente, quem gerencia o trânsito, também deve encontrar formas de facilitar a circulação de carros. Tem que haver um equilíbrio entre fiscalização e fluxo de veículos", pondera o advogado.
Lombadas eletrônicas
Além dos radares, voltaram a funcionar em Curitiba as lombadas eletrônicas. Os novos redutores de velocidade começaram a ser instalados em outubro e 20 já estavam funcionando, até o último dia 20 de dezembro. A previsão é que, ao todo, 80 lombadas passem a fiscalizar os motoristas curitibanos. Deste total, 50 equipamentos são novos e 30 já existiam, mas serão remodelados. Ao passar pelas lombadas eletrônicas, os condutores devem reduzir a velocidade para 40 km/h, mesmo que a velocidade permitida na via seja superior a isso. Os novos aparelhos também vão registrar a velocidade das motos, o que não ocorria anteriormente.



