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PESQUISA

34% dos jovens não usam camisinha

Estudo indica comportamento arriscado dos jovens brasileiros. Uma das consequências é a gravidez não planejada de 32% das garotas

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Apesar das inúmeras campanhas governamentais, o sexo desprotegido é comum entre jovens. Levantamento da Unifesp com 1.742 pessoas, com idades entre 14 e 25 anos, mostrou que um em cada três jovens brasileiros nunca ou quase nunca usa camisinha. A gravidez precoce foi a consequência desse comportamento para 32% das entrevistadas com idades entre 14 e 20 anos. Dessas, 12,4% tiveram a gestação interrompida – por abortos espontâneos ou provocados. Já entre os homens menores de 20 anos, 2% declaram já serem pais.

INFOGRÁFICO: Confira o número de jovens que fazem sexo desprotegido

Para chegar a esses resultados, os pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo aplicaram um questionário com 800 perguntas e realizaram, pelo menos, uma hora de entrevista com cada participante. Dos 1.742 entrevistados, 66% tinham idades entre 14 e 17 anos. No total, 149 municípios brasileiros participaram do estudo divulgado ontem.

Apesar de a pesquisa não desvincular os porcentuais de aborto espontâneo ou provocado, Clarice Sandi Madruga, uma das responsáveis pelo levantamento, faz um alerta. "Pelas estatísticas que temos, acreditamos que 8% das meninas tiveram abortos provocados, muitas vezes feitos em clínicas clandestinas, que colocam as garotas em risco", afirma a psicóloga.

A doutora em Educação Araci Asinelli da Luz diz não se surpreender com os altos porcentuais de jovens que não usam camisinha. "Isso ocorre porque ainda não temos a implantação da educação sexual nas escolas públicas brasileiras. Quando há algo nesse sentido, são palestras e intervenções isoladas que focam mais na patologia, em uma abordagem que não vai ao encontro do que o jovem pensa sobre o assunto", diz Araci, que é professora do Setor de Educação da UFPR.

Os próprios termos utilizados para denominar o assunto já podem servir para distanciar o jovem dessa discussão, segundo Araci. "Os termos 'precoce' e 'indesejada' para a gravidez em meninas, por exemplo, são nossos, da sociedade. Mas, muitas vezes, essas meninas veem a gestação como a conquista da liberdade. Por isso, enquanto a sexualidade não fizer parte de uma conversa legal, sempre teremos esses números altos".

Bebida

O comportamento de risco entre jovens não fica, porém, restrito apenas ao sexo. O levantamento também mostrou que 33% dos entrevistados entre 14 e 25 anos praticam semanalmente o "binge drinking", isto é, consumindo grandes doses de bebida alcoólica em um curto espaço de tempo. No recorte dos com idade até 17 anos, 43% disseram já ter bebido ao estilo "bingue", apesar da proibição da venda de bebidas alcoólicas para menores de idade. Além disso, 4,8% dos entrevistados disseram já ter usado maconha e 3,4%, cocaína.

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