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Rio de Janeiro - A Polícia Militar do Rio de Janeiro prendeu na manhã de ontem cerca de 650 bombeiros que ocuparam o Quartel Central do Corpo de Bombeiros, na noite de sexta-feira. A retomada do quartel por soldados do Bope aconteceu às 6h05. Bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo foram usadas. Muitos tiros foram ouvidos.

De acordo com o comandante da Polícia Militar, coronel Mário Sergio Duarte, os tiros seriam de pistola, disparados por bombeiros armados. "Prendemos bombeiros com armas", disse. Segundo bombeiros, houve tiros de fuzil, disparados pelos policiais

Na tentativa de impedir a entrada do Bope, os manifestantes ligaram mangueiras de água, com forte pressão. Não adiantou. Houve luta corporal. Alguns bombeiros mostravam para os jornalistas ferimentos causados por cassetetes. Uma criança de 2 anos foi atendida no Hospital Souza Aguiar por ter inalado gás, mas foi logo liberada.

No final da manhã, o grupo foi transferido para a sede da Corregedoria, em Niterói. A prisão aconteceu após quase 12 horas de ocupação do quartel por cerca de 2 mil pessoas, entre bombeiros e familiares. Muitas mulheres e cri­anças estavam entre os invasores.

Logo ao chegar ao quartel ocupado, por volta das 21 horas de sexta-feira, o coronel Mário Sérgio Duarte deu voz de prisão ao coronel da PM aposentado Paulo Ricardo Paul, que participava da ocupação. Paul foi preso sob a acusação de estar incitando o protesto dos bombeiros.

Duarte passou parte da madrugada tentando negociar com os manifestantes. Por volta das 3 horas, ele subiu em um carro dos bombeiros, no pátio do quartel, e pediu "bom senso". "Nós precisamos resolver esse dilema, embora isso não signifique rendição para ninguém. Tenho certeza que nenhum de nós vai usar a força. Gostaria que as senhoras e os senhores refletissem. A minha proposta é que retornem para suas casas", pediu.

Após a palavra do coronel Sérgio, o cabo Benevenuto Dalciolo, um dos líderes do movimento, disse que gostaria de conversar com o governador Sérgio Cabral, que a manifestação era pacífica, mas afirmou que havia 50 homens armados no pátio dos bombeiros.

Além de aumento salarial, os bombeiros reivindicam receber a mesma gratificação concedida aos policiais do Bope e do Batalhão de Choque, e protetor solar e óculos de sol para os guarda-vidas. O piso salarial da categoria é de R$ 950. Eles pedem reajuste para R$ 2 mil.

Os detidos são acusados de invasão de órgão público, agressão a oficial – o coronel da PM Waldir Soares, comandante do Batalhão de Choque quebrou a mão e feriu o joelho quando os bombeiros invadiram o quartel – e desobediência à conduta militar.

Em coletiva, o governador do Rio, Sérgio Cabral, chamou os manifestantes de "irresponsáveis" e "vândalos", e disse que a invasão é inaceitável. Anun­ciou ainda a exoneração do co­­mandante-geral dos Bom­beiros, o coronel Pedro Marcos Machado.

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