
Quase todo o palmito Juçara envasado na Indústria de Conservas Palmeira, pertencente ao ex-prefeito de Guaratuba José Ananias dos Santos, foi extraído das matas da Serra do Mar, no Litoral do Paraná, de forma ilegal. O levantamento preliminar da Polícia Federal, ao qual a Gazeta do Povo teve acesso, mostra que mais de 129 mil árvores foram derrubadas de janeiro a novembro deste ano para extração do produto, porém menos de 10% (12.267) tinham autorização de corte. Boa parte do palmito ilegal foi levada do Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange, que abrange os municípios de Matinhos e Guaratuba.
Por causa da extração irregular, 18 pessoas foram presas no último dia 17 dentro da Operação Juçara da Polícia Federal (PF). Além do proprietário, o ex-prefeito, foram detidos o procurador-geral de Guaratuba, Jean Colbert Dias, o casal Doris e Cezar Renato Tozetto (funcionários da Assembleia Legislativa), sitiantes e funcionários da fábrica. O vice-prefeito de Guaratuba, José Ananias dos Santos Filho, teve a prisão preventiva decretada, mas ficou foragido até conseguir liberdade por meio de uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).
O delegado-chefe da PF em Paranaguá, Jorge Luiz Fayad Nazário, explicou que mais de 33 mil "cabeças" (árvores) de palmito foram transportadas usando o Documento de Origem Florestal (DOF) de palmitos legais. "Um mesmo DOF servia para várias viagens." Isso era feito para dar legalidade ao transporte, em caso de fiscalização. Este levantamento será encaminhado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que aplicará uma multa com base nesses dados.
Prisões
Quatro pessoas continuam presas por causa da Operação Juçara: o chefe da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), Mordecai Magalhães de Oliveira; o fiscal do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) Francisco Antônio de Oliveira; o sargento da Polícia Militar (PM) Valmir Santana Filho e o próprio ex-prefeito, apontado pela PF como o mentor da quadrilha. Todos os envolvidos já foram ouvidos e oito deles colaboraram com as investigações, dando detalhes da atuação do grupo, segundo o delegado federal Michael Assis Fagundes. "Eles entregaram tudo e, em razão dessa colaboração, sugerimos (ao Judiciário) a suspensão do pedido de prisão."



