
Em nove meses, 475 usuários do transporte coletivo da rede integrada de Curitiba foram atendidos pelo seguro que cobre despesas médicas e indenizações em caso de acidentes. O Segbus, como é chamado, entrou em vigor em novembro de 2010 e tem atendido cerca de 53 pessoas por mês, principalmente vítimas de quedas nos ônibus e colisões ou que ficaram prensadas em portas. O seguro foi previsto na licitação para a escolha das empresas de transporte na cidade.O número de atendidos poderia ser maior, já que muitos passageiros desconhecem o direito. A cozinheira aposentada Nadir Jacinto de Souza, 64 anos, teria direito ao seguro, mas diz não ter recebido ajuda. Ela era uma das passageiras do ônibus da linha Interbairros 4 que se machucaram há duas semanas, quando o motorista do veículo passou em alta velocidade em uma lombada. "O motorista estava correndo demais e nós estávamos sentados nos últimos bancos. Voamos, caímos no chão e não vi mais nada", conta Nadir, que está com as duas pernas engessadas.
Ela afirma já ter ouvido falar do seguro, mas avalia que faltam informações sobre como acioná-lo. "Tem que ter orientação porque a gente não sabe como mexer com essas coisas." Devido à lesão, Nadir está sem conseguir andar e desde então recebe cuidados da filha, que parou de trabalhar para cuidar da mãe. A esposa do cabeleireiro Diamantino Teodoro também estava no ônibus e sofreu lesões nos órgãos internos. A família afirma que não recebeu ajuda.
O gerente do Segbus, Paulo Grillo, diz que está acompanhando o caso da esposa do cabeleireiro e que está tentando contato com Nadir. Grillo reconhece que muitos ainda desconhecem o seguro. Para divulgar o serviço, adesivos informativos serão fixados em todos os ônibus e terminais. "A gente precisa que a divulgação aumente para que as pessoas saibam dos seus direitos", diz o gerente.
Cobertura
O seguro oferece cobertura de despesas hospitalares, odontológicas e com medicação, no valor de até R$ 3 mil, e indenização por invalidez ou morte. São atendidos os usuários da rede integrada de Curitiba que sofrem acidente dentro de ônibus, terminais fechados e estações-tubo.
Dos 475 atendimentos feitos até agora, apenas um foi referente à invalidez por acidente e o restante relativo a despesas médicas. Não houve acionamento por morte.
Desinformação
Em uma sondagem rápida feita ontem à tarde pela reportagem com 12 usuários na Praça Rui Barbosa, no Centro da capital, apenas dois entrevistados disseram conhecer o seguro. "Conheço quatro pessoas que se machucaram no ônibus. A última ficou presa na porta do ônibus, quebrou o braço no começo deste ano e não teve ajuda", conta o cabeleireiro Fernando Ferreira, que não sabia sobre o seguro.
Para a dona de casa Janaína Luana Ferreira, falta informação. "Ninguém que eu conheço sabe desse seguro." A acabamentista Patrícia Oliveira, que também desconhece a ação, afirma ser importante a iniciativa devido ao trânsito congestionado e à necessidade de os motoristas em cumprir o horário de ônibus.
Já os poucos usuários que conhecem o seguro afirmam não saber como acioná-lo. "Teria que ligar para o telefone 156 [número da prefeitura de Curitiba] para perguntar", diz a coordenadora de cursos e teleatendente Laudicéia Batista Matos.
* * * * *
Interatividade
Você acha que os valores de indenização previstos no seguro do transporte coletivo são satisfatórios? Por quê?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.




