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 | Antonio Costa/Gazeta do Povo
| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

O Gustavo sempre foi louco por futebol, era uma paixão fora do comum. Costumava levá-lo a um campinho perto de casa, onde também funciona uma escolinha de futebol, e seus olhinhos brilhavam enquanto assistia aos jogos. Um dia tomei coragem e fomos perguntar se ele poderia participar da escolinha. A recepção do professor foi ótima e logo lá estava o Gustavo correndo pelo campo, todo orgulhoso. Mas, com o tempo, as outras crianças foram perdendo a paciência com ele. Não entendiam porque ele agia diferente, não tinha a mesma agilidade, e passaram a isolá-lo, reclamando que ele atrapalhava o jogo. Depois de cerca de um mês o próprio Gustavo desanimou e não quis mais participar. Talvez o erro tenha acontecido quando tentamos inseri-lo entre as outras crianças sem explicar que ele era diferente. Elas eram muito pequenas e não compreendiam a situação. Agora estou tentando colocá-lo em uma escola municipal, eles disseram que o aceitam, só falta um relatório para que se adaptem antes de recebê-lo. Dessa vez pretendo explicar que o Gustavo é diferente, conversar com outros pais. Quase ninguém conhece o autismo. Mas eu não os culpo, pois nem eu sabia do que se tratava até o diagnóstico dele. Quanto ao futebol, seu coraçãozinho ainda bate mais forte quando vê um jogo, observa a torcida.

Ainda o levo para o campo e, se não houver ninguém usando, o dono da escolinha o deixa ficar batendo bola. Vou para o gol e ele se realiza. Continuo indo com o Gustavo em todos os lugares, parque, cinema, ou shopping. Eu não o escondo de jeito nenhum. Às vezes não é fácil, mas se em algum momento alguém faz cara feia para o comportamento diferente dele, eu nem percebo, porque é com ele que me importo.

Claudete Soares da Silva, 46 anos, funcionária pública e mãe de Gustavo Fellipe, 6 anos, portador do autismo

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