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Urbanismo

A Curitiba que nasceu no Juvevê

Ippuc se aproxima dos 50 anos carregando o peso da fama e da responsabilidade de reinventar mais uma vez a capital do Paraná

 | Jonathan Campos / Gazeta do Povo
(Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo)
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Os galhos imponentes das quatro castanheiras em frente ao número 699 da Rua Bom Jesus, no bairro Cabral, escondem, literalmente, parte de uma história recente da capital – uma história escrita nas pranchetas de arquitetos e engenheiros. Atrás das árvores tombadas, em uma casa octogenária de dois pavimentos, funciona a sede do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). É uma autarquia, começou como uma "assessoria" na gestão do prefeito Ivo Arzua, soma 47 anos e carrega a responsabilidade de ser um adulto crescido – com uma série de filhos para cuidar.

Em se tratando de Curitiba, filhos problemáticos não faltam. Numa cidade que já foi modelo de transporte público, cada vez mais carros entopem as ruas. São 1,2 milhões de veículos. Enquanto isso, os ônibus perdem o prestígio. O metrô é promessa de alívio – mas está longe de ser uma unanimidade.

Curitiba tem saudade do que foi. A nostalgia está por trás de recentes intervenções no Centro da cidade, como a revitalização das ruas Riachuelo e São Francisco. Tornar a cidade mais bonita e transitável, afinal, também é atribuição do Ippuc. nem sempre com sucesso. Algumas manchas de concreto permanecem aqui e ali: só na região central, 28 construções estão abandonadas, para deleite dos pichadores e usuários de drogas, que fazem desses locais seus mocós.

Os tempos são outros, claro. Na década de 1960, quando o instituto foi criado, pichações e avenidas congestionadas eram raridade. A população não chegava nem perto de atingir o primeiro milhão – cerca de 600 mil curitibanos ocupavam a capital, contra os 1,7 milhão atuais.

Já havia, contudo, quem imaginasse que Curitiba ia longe. Coube a Ivo Arzua, engenheiro por profissão, levar a cabo a missão de tirar da gaveta o famoso, mas empoeirado, Plano Agache, criado 20 anos antes.

O Agache teve de ser revisado para atender às novas demandas. Por necessidade, ou precaução, um grupo de técnicos foi formado para implantar e monitorar o desenvolvimento do projeto, a fim de garantir que ganhassem de fato as ruas. Chegou-se a falar que faziam parte da Sorbone do Juvevê, tão brilhante foi a experiência. Nascia o Ippuc.

Ippuc por dentro

Sede do instituto abrigou uma família alemã e tem no entorno árvores históricas. É ali, cercados de memórias, que técnicos discutem o futuro da cidade.

Casa alemã

O imóvel sede do Ippuc foi construído no início da década de 1930, para servir de moradia ao então executivo do Banco Transatlântico Alemão, Hans Möller, sua mulher Paula e as duas filhas do casal. A residência foi vendida para o Ippuc em setembro de 1965.

Do A para o U

O Ippuc surgiu em 1965 como Appuc - Assessoria de Planejamento e Pesquisa Urbana de Curitiba. Com esse nome, o órgão durou somente quatro meses. O Ippuc surgiu para substituir a assessoria, em 1.º de dezembro de 1965. Foi classificado como autarquia municipal.

O idealizador

A elaboração do Plano Diretor de 1966 e a criação do Ippuc permanecem como os principais legados deixados pelo ex-prefeito Ivo Arzua Pereira, que foi chefe do Executivo entre 1962 e 1967. Arzua, que também foi ministro da Agricultura, morreu dia 9 de setembro deste ano, aos 87 anos, em Curitiba.

1,3 mil

É a média anual de visitantes que passam pelo Ippuc, em missões técnicas, a fim de trocar experiências e conhecer projetos implantados em Curitiba: são estudantes, técnicos, professores, pesquisadores e políticos. Ano passado, o instituto recebeu comitivas da Malásia e da África do Sul.

42 mil

É o número de pranchas com projetos na Mapoteca do Ippuc, que guarda os desenhos de equipamentos públicos de Curitiba, como escolas, creches e outros prédios. O acervo ainda está sendo digitalizado e muitos projetos, que remontam à elaboração do Plano Diretor de 1966, estão disponíveis somente em papel. A mapoteca funciona no mesmo prédio da biblioteca.

Colírio para os estudantes

A Biblioteca e Mapoteca ficam à direita da sede do Ippuc, no mesmo prédio. O imóvel é frequentado principalmente por acadêmicos dos cursos de Engenharia e Arquitetura e Urbanismo. A biblioteca conta com cerca de 10 mil volumes e 5 mil artigos. A visitação e consulta é aberta ao público, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 11h30 e das 14h30 às 17h30. O telefone é (41) 3250-1401.

Sombra e água fresca

Fora dos prédios do Ippuc não falta sombra para os engenheiros e visitantes. Entre a sede do instituto e o pavilhão técnico há um extenso jardim e árvores tombadas pelo Setor de Patrimônio do Estado, como castanheiras e uma paineira.

Quartel general

O grosso do trabalho desenvolvido pelos profissionais do Ippuc se concentra nos três prédios nos fundos do jardim da sede. Não à toa, o espaço é chamado de pavilhão técnico. Ali são feitas pesquisas, produção de mapas e projetos. O prédio do meio possui um auditório e maquetes de projetos recentes, como as estações de metrô e o viaduto estaiado da Avenida das Torres.

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