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Um estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, analisou 170 milhões de corridas dos mais de 13 mil táxis na cidade de Nova York durante um ano. Apenas considerando o local e a hora em que cada corrida teve início, e o destino final de cada corrida, os pesquisadores procuraram saber quantas viagens poderiam ser compartilhadas. Para isto, estabeleceram uma “janela” de compartilhamento, ou seja, alguns minutos que os passageiros estariam dispostos a esperar para tomar o táxi, e alguns metros a mais que aceitariam caminhar para tomar o táxi. Como resultado, se os passageiros aceitassem esperar até cinco minutos, praticamente todas as viagens de táxi de Nova York poderiam ser compartilhadas; e esperando apenas um minuto, cerca de 30% das viagens. Daí, com menos táxis circulando, o tempo das viagens também seria reduzido, e as viagens sairiam mais em conta para os passageiros.

Em algumas situações da cidade, pode-se ter uma ideia empírica deste experimento: só ver a concentração de hotéis na Avenida Paulista, em São Paulo, e as viagens que seguem para os aeroportos da cidade, a maioria dos táxis levando apenas um passageiro. O mesmo se dá em Curitiba, com o agravante de que os táxis levam os passageiros de Curitiba para o aeroporto em São José dos Pinhais, e voltam vazios – mas ocupando espaço viário, consumindo combustível, e poluindo. Pode-se argumentar que isto protege os taxistas de cada cidade, o que seja. Mas, primeiro, não é um sistema inteligente, e segundo, os prejuízos distribuídos para todos os envolvidos (passageiros, outros veículos circulado nas ruas) são grandes.

Há alguns anos propusemos um programa de compartilhamento de viagens entre universitários em Curitiba, onde as viagens seriam aconselhadas automaticamente pelo sistema interno da PUCPR – afinal, todos têm destino e horários comuns. E mesmo considerando atividades pós-aulas, o compartilhamento ainda seria grande. O mesmo poderia se dar entre funcionários de empresas e órgãos públicos. À época, lá se vão 8 anos, apesar do apoio para desenvolver o sistema, venceu o argumento de que haveria resistência ao compartilhamento de carros pela insegurança. Pois bem, serviços como o Uber mostram que este temor não existe. O Uber mostrou outra coisa: que as tecnologias informação e comunicação permeiam e alteram nossos hábitos. As centrais de táxi, que promoviam um serviço invejável em Curitiba, perderam a razão de existir. Os aplicativos que hoje são responsáveis pela maioria das corridas dos taxistas em Curitiba, tomaram o seu lugar. E pensar que foram quase proibidos...

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Em recente viagem a São Paulo e Curitiba, ao usar esses serviços, percebi que nunca os taxistas foram tão simpáticos e atenciosos. Aí entra outra característica de serviços como o Uber: o usuário dá nota pelo serviço. E essa nota tem efeito pessoal e coletivo. No nível pessoal, mesmo que o motorista do Uber tenha nota muito boa mas não me satisfez e o classifiquei mal, o sistema nunca mais o enviará para me atender. No nível coletivo, motoristas mal avaliados são advertidos e expulsos. O mesmo vale no sentido inverso: passageiros mal avaliados pelos motoristas perdem o direito de usar o serviço.

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Assim como notei motoristas mais atenciosos, também notei muito mais motoristas reclamando da queda no serviço, e filas muito mais longas no ônibus do aeroporto para a Curitiba. O serviço de táxi em Curitiba é caro. E mais um competidor, e ainda sem a regulamentação necessária, seria prejudicial para os taxistas. Assim como taxistas (aqueles que efetivamente dirigem os carros, não as viúvas de frota) adotaram os aplicativos, é hora do podem público e cooperativas também se mexerem.

Pois a polêmica do Uber serve por pelo menos três pontos: mostrar que o sistema cartelizado dos táxis é ultrapassado e prejudicial para os taxistas (e não donos de frotas de táxis), mostrar que se cooperativas e Urbs usassem os dados que são coletados automaticamente em cada corrida pelos celulares e GPS para analisar os padrões de viagens na cidade poderiam ter parte de uma pesquisa origem-destino em tempo real, barata, e base para soluções inovadoras para o transporte por táxis na cidade, e finalmente, que as tecnologias de informação e comunicação estão alterando nossos hábitos cotidianos e crenças, e assim é bom que cooperativas e reguladores se mexam para inovar o serviço e o sistema, pois, do nosso lado (usuários), mais inovações virão.

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