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Outro polêmico programa implantado pelos suíços é o Centro de Informação de Drogas (DIZ), em Zurique. Num prédio discreto, no centro da cidade, próximo à estação central de trem, a mais movimentada do país, usuários podem levar suas drogas para serem testadas. Lá eles ficam sabendo que tipo de substâncias há na cocaína que estão ingerindo ou se o ecstasy comprado é uma farsa.

O DIZ funciona uma vez por semana, durante três horas. Quando foi criado em 2006, cerca de cinco pessoas apareciam semanalmente. Em agosto passado, já eram 12. O serviço é gratuito e completamente anônimo. Ao chegar ao centro, o usuário entrega a droga. Ela é fotografada, pesada e uma parte é retirada (o DIZ fica com 1/4 de uma pílula de ecstasy, por exemplo). Depois de três dias, a pessoa liga ou manda um e-mail para saber o resultado da análise.

Mas há uma exigência imprescendível por parte do DIZ. O teste da droga só é realizado se a pessoa preencher um questionário. As perguntas são sobre o tipo de drogas ingeridas (incluindo cigarro e álcool), frequência, motivo do vício. Num papo descontraído, que pode durar entre 10 minutos e uma hora, os profissionais do centro falam sobre as possibilidades de tratamento e podem agendar consultas médicas, se houver interesse. Por razão estratégica, no mesmo prédio do DIZ estão localizados uma clínica para tratamento e o Zurique Check­­point, serviço especializado para ho­­mossexuais, onde podem ser fei­­tos testes gratuitos para HIV. "Não somos moralistas. Por isso as pes­­soas confiam na gente e falam a verdade. Mas quando aceitam aju­­da, muitas não querem largar o ví­­cio, somente diminuir a frequência do consumo", revela Ale­­xan­­der Bücheli, coordenador do centro.

Ainda segundo ele, os usuários do serviço geralmente são party drug users (usuários de drogas em festas) e sabem exatamente que tipo de substância e efeito procuram. 25% deles têm nível superior e 44% são mulheres. "Recebemos aqui todo tipo de gente: estudantes, banqueiros, donas de casa".

Ecstasy é responsável por 50% das análises. Depois vem a cocaína (25%) e anfetamina (15%). 90% do ecstasy testado tem algum tipo de adulteração. "Não significa que tenha veneno de rato, mas há outros componentes químicos." Desde 2007, os testes mostram que a cocaína também tem si­­do diluída com fenacetina. Para o coordenador do centro, o maior pro­­blema está nas novas drogas, que contém substâncias com riscos ainda desconhecidos para a saúde.

O DIZ também realiza testes móveis. Possui um acordo com a associação Saffer Clubing de boates e clubes noturnos de Zurique e várias vezes por ano instala um laboratório nesses lugares. Além de casas noturnas, os testes móveis são levados para grandes eventos da cidade, como a Parada Gay e a Street Parade. Essa última reuniu no mês passado 600 mil pessoas nas ruas centrais de Zurique. Nessas festas abertas é comum que apareçam diferentes substâncias, como escopolamina e buflomedil.

Cerca de dez assistentes sociais trabalharam no estande do DIZ na Street Parade deste ano. Somente nas quatro primeiras horas de atendimento, foram realizadas 30 análises. Majoritariamente ecstasy. Fantasiados e com o corpo pintado com tinta prata, o casal A.M., 26 anos, e N.D., 32 anos, aproveitavam a espera do resultado para descansar. "Essa é a primeira vez que usamos o serviço. É muito legal", dizem. De óculos escuros, S.G., 28 anos, volta novamente ao estande depois de receber o resultado do exame de sua droga pelo celular. Sorridente, abraça Alexander Bü­­cheli e agradece pelo serviço.

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