
Cercados por muros altos, cercas elétricas e portões eletrônicos, os condomínios residenciais atiçam a curiosidade dos ladrões. E é aí que mora o perigo. O criminoso profissional tem método para agir e, nesse caso, o raciocínio é lógico, para não dizer perverso: muitos aparatos de segurança, em geral, significam muitos bens para roubar. Sinal de que os riscos que envolvem o assalto valem a pena.
Em Curitiba, segundo estimativa da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), neste ano foram registrados dez roubos de grandes proporções em condomínios fechados na capital pelo menos um por mês, em média. Quando a ação dos bandidos ocorre em um conjunto residencial, a tendência é de que um maior número de moradias seja assaltada. "Em cada assalto a condomínio, uma média de seis casas são roubadas", diz o delegado da DFR Guilherme Rangel. Segundo ele, os bairros mais visados pelos assaltantes são Santa Felicidade e Jardim Social.
Outro agravante é a maneira como os assaltantes agem. Para invadir um condomínio, os criminosos entram fortemente armados e, em geral, abusam das violências física e psicológica. "Temos relatos de elementos que colocaram a arma na cabeça de uma criança de um ano de idade na frente dos pais. Em outra situação, uma mulher foi abusada sexualmente na presença do marido", diz Rangel. Em cada assalto, aproximadamente seis criminosos participam.
A maioria dos casos resulta em perdas materiais significativas às vítimas. "Essas pessoas são ladrões profissionais. Entram para roubar cerca de R$ 500 mil. Teve uma situação que o prejuízo chegou a R$ 1 milhão", conta o delegado. Além de dinheiro, roubam joias, carros e aparelhos eletrônicos.
Para entrar em um condomínio residencial, o assaltante geralmente observa e muito qual procedimento será tomado. "O bandido espera a oportunidade. Ou ele entra junto com a vítima, dando voz de assalto quando ela chega em casa, ou arromba o portão", afirma. Rangel diz que os moradores também devem ter muita atenção para não se expor. "Não dá para ficar comentando que tem dinheiro em casa, que tem joia. Isso chama o bandido." Segurança privada
O medo de assaltos movimenta o mercado de segurança privada. Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que, em dez anos, o setor cresceu 74% no Brasil. O brasileiro gasta por ano quase R$ 40 bilhões com seguro, equipamentos e vigilância. O presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Paraná, Maurício Smaniotto, confirma a alta procura por esse tipo de serviço. "A demanda aumentou 10% do ano passado para cá", diz. Hoje, o estado conta com 140 empresas de segurança privada, que juntas contam com 28 mil funcionários.
Ele explica que ao contratar um serviço de segurança privada para um condomínio residencial é imprescindível a instalação de alarmes e câmeras de segurança. "Também deve ter vigias que façam rondas fixas no local", diz.
O delegado Rangel alerta que as câmeras devem estar programadas para gravar imagens, o que auxilia nas investigações em caso de assalto. "Só filmar não adianta." As empresas de vigilância também precisam estar cadastradas na Polícia Federal, explica Smaniotto. Caso contrário, são consideradas clandestinas.
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