
Os dias quentes que interromperam por curtos períodos o temido inverno da capital do Paraná são um prenúncio de como os parques e equipamentos públicos devem ser ocupados nas próximas estações. Além dos esportes tradicionais como vôlei de areia, corridas e caminhadas , os curitibanos vêm lotando áreas verdes, sobretudo nos fins de semana, em busca de formas de lazer um tanto inovadoras. Entre as opções estão parkour, slackline, cavalgada, crossfit e o stand up paddle, praticado há alguns meses na represa do Passaúna, localizada entre os municípios de Curitiba e Campo Largo.
Desconhecido até pouco tempo, o stand up paddle esporte que consiste em remar, em pé, sobre uma prancha maior que a de surfe virou febre em Curitiba. "A gente aconselha a vir cedo, porque à tarde, de sábado e domingo, fica impossível chegar com o carro aqui", conta Ibrahim El Chamaa Neto, que há três semanas mantém um estabelecimento para alugar, vender e guardar equipamentos à beira do Passaúna. "O último fim de semana foi muito bom, vieram umas 200 pessoas. Até gente que nunca havia remado adorou", comemora.
Embora atraia pessoas de todas as faixas etárias, o esporte é muito procurado por homens com idade entre 40 e 60 anos. O preço do equipamento é um tanto salgado. As pranchas variam de R$ 2 mil a R$ 12 mil, e os remos custam entre R$ 300 e R$ 900. Para praticantes esporádicos, o aluguel pode ser mais vantajoso: R$ 50 a hora. "Crianças de 7 anos para cima a gente libera, se os pais acompanharem. Com mais de 14 anos, dá para ir sozinho."
Alpinista experiente e professor pós-doutor da Universidade Positivo, Chamaa Neto utiliza os conhecimentos da física para instruir os iniciantes. "Explico hidrodinâmica, equilíbrio e, às vezes, solto um termo técnico. Aí eles reclamam você não tá dando aula", conta. Além de uma instrução rápida gratuita, o aluno pode adquirir um curso de postura e remada, com duração de três horas. "É um esporte agradável, sem impacto, com poucas lesões", define.
Foi em uma viagem a Jericoacoara, há quatro anos, que o empresário Adriano Ratzke, 37 anos, teve o primeiro contato com o stand up paddle. Gostou tanto que fez disso um negócio. "Entrei para dar força para um amigo e hoje trabalhamos como representantes da Califórnia Republic, uma das marcas que o Ibrahim comercializa. Estou sempre remando, na praia ou aqui [no Passaúna]. Exercita o corpo inteiro e desestressa. Lá dentro é um silêncio total", afirma.
Permissão
Embora, em 2012, o governo do estado tenha permitido a prática de esportes sem motor a combustão em represas de abastecimento de água, a Sanepar dona do reservatório do Passaúna afirma que o stand up paddle é proibido no local. Segundo a assessoria de imprensa da companhia, um plano de uso da represa está pronto, mas precisa ser aprovado pelo Conselho Gestor dos Mananciais, o que ainda não tem prazo para ocorrer. A fiscalização, afirma a Sanepar, seria competência do IAP. O órgão, no entanto, diz fiscalizar apenas desmate e práticas predatórias, como pesca. Já a assessoria da prefeitura define a atividade como legal e afirma que existe alvará para a prática de stand up paddle no Passaúna.



