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A construção da barragem de Tijuco Alto suscita a discussão em torno do uso e da finalidade do rio e da energia elétrica produzida no Brasil. "Quando você represa o rio, há um gestor do espaço e da água, e isso é privatização", diz a coordenadora Centro de Estudos, Defesa e Educação Ambiental (Cedea), Laura Jesus de Moura e Costa. "Esta hidrelétrica não é uma necessidade do Paraná ou de São Paulo, é uma necessidade da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio)", enfatiza.

Para o assessor jurídico do Instituto Socioambiental, Raul Silva Telles do Valle, a água é um bem público e seu uso deve ser universalizado. "Tijuco Alto é exemplo de um modelo energético que beneficia determinados grupos e traz poucos benefícios à região", diz. Ele teme que o licenciamento abra precedente para outras três hidrelétricas previstas pela Companhia Energética do Estado de São Paulo (Cesp) no Ribeira: Itaoca, Funil e Batatais.

A coordenadora do Cedea teme ainda pelos riscos ao Aqüífero Karst, rio subterrâneo de 5.740 quilômetros quadrados que abrange os municípios de Campo Magro, Campo Largo, Almirante Tamandaré, Itaperuçu, Rio Branco do Sul, Colombo, Bocaiúva do Sul, Cerro Azul, Tunas do Paraná, Doutor Ulisses e Adrianópolis, Castro e Ponta Grossa. Esta é a grande fonte para o futuro abastecimento da região metropolitana de Curitiba.

"Não sabemos se o solo (de rochas calcárias) resistirá ao peso de tanta água represada, causando um efeito dominó sobre as cavernas da região", diz Laura. Segundo o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da CBA, as cavernas que serão alagadas são buracos de pequena expressão. "É descartável a tese de que poderá haver vazamentos de água no entorno do reservatório", assegura a empresa.

O Rima descarta, ainda, interferências no modo de vida das comunidades ribeirinhas porque o fluxo de água não será alterado. O vertedouro foi projetado para dar vazão a cheias que podem acontecer a cada dez mil anos. As vazões do Ribeira são medidas desde 1931 e o volume de água nunca será maior do que o volume natural da cheia.

O estudo indica também que a área do futuro reservatório não possui vegetação primária, é uma das mais degradadas do Vale do Ribeira com predomínio de pastagens e cultura de pínus, que já vem descaracterizando a geografia regional. Inconformada com os argumentos, Laura lança uma pergunta: "O que são 50 ou 70 anos de vida útil de um reservatório se comparados com recursos naturais e espécies que dão benefício sustentável ao país há séculos e que se não forem destruídos podem servir por muito mais tempo ainda?"

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