A Polícia Federal conseguiu a primeira pista concreta sobre a fortuna do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia no Brasil. A informação veio de outro suposto traficante colombiano preso em São Paulo e que teve a verdadeira identidade revelada na terça-feira (10). Ramon Manuel Yepes Penagos, conhecido como El Negro, contou à polícia que os cerca de 70 milhões de euros em dinheiro vivo (cerca de R$ 208 milhões) estavam escondidos em uma caminhonete, em um prédio nos Jardins, área nobre da cidade.
Os policiais federais foram buscar nesta quinta-feira (12) o homem, preso em Pinheiros, na Zona Oeste, para o depoimento. Ele espera o julgamento por tráfico de ecstasy. O preso chegou a dizer que era brasileiro, do interior de Minas Gerais, até ser descoberto. Desde que veio à tona a real identidade dele, a Divisão de Combate a Crimes Financeiros passou a ter um especial interesse por este colombiano. A polícia diz que ele é ligado ao cartel do Vale do Norte, que tinha como um dos chefes Abadia, preso em São Paulo em agosto de 2007 e extraditado para os Estados Unidos.
Paradeiro
A possível ligação entre os dois motivou o depoimento. Uma equipe de delegados federais e um procurador da República centraram o interrogratório no que mais interessava: o paradeiro da fortuna de Abadia no Brasil.
De acordo com o homem preso em Pinheiros, o dinheiro estava embalado em pequenos maços e saiu do Brasil como entrou: por intermédio de colombianos, que vieram especialmente para levar a fortuna embora, logo depois da prisão de Abadia.
De acordo com o suposto traficante, cada colombiano levou um milhão e meio de euros, divididos em trinta pacotes de cinquenta mil, o equivalente a quase R$ 4,5 milhões amarrados na cintura.
Embarcaram, em média, dez passageiros por semana recheados de euros, em voos comerciais para a Colômbia. Dois foram presos no aeroporto de Bogotá. Em cinco semanas, não havia nem sombra dos euros no Brasil. A fortuna de Abadia já estava em terras colombianas.
E o tema do próximo depoimento do suposto aliado de Abadia à policia federal já está definido: quando for tirado de novo da prisão será pra falar sobre extorsão. Informalmente, ele disse que pagou mais de R$ 1milhão em propinas a policiais - o preço para manter em segredo a sua real identidade colombiana.
A delegacia-geral de polícia de São Paulo, que comanda os policiais civis do estado, declarou que não vai se manifestar sobre as declarações informais do traficante.



