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CMTU admite falta de vigilância

Fábio Reali, diretor de operações da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), admitiu que a vigilância do patrimônio da usina deixou de ser feita, já que nunca houve contratações para o serviço. "Montamos a Central de Pesagem e Vendas (Cepeve) perto do local. Como havia movimentação permanente com a reciclagem, acreditamos que isso inibiria ação de marginais, o que não ocorreu."

Reali afirma que a CMTU registrou boletins de ocorrência dos furtos dos motores e equipamentos elétricos, o que motivou inquérito policial – nunca os autores foram identificados. Após um acordo nesta semana com o Ministério Público (MP), a Prefeitura terá que revitalizar a área e retirar os equipamentos que sobraram. O diretor da CMTU creditou o fim da usina à atuação do MP. "Parou porque a promotoria alegou impactos na área. Era poluente, produzia poeira e degradava." Sem citar o ex-prefeito Luiz Eduardo Cheida, responsável pela instalação do equipamento, Reali disse que a usina foi aberta "sem os estudos ambientais devidos". Ele afirmou que a CMTU não tem uma avaliação do patrimônio que restou.

A grande máquina escondida no meio do mato, depredada, sem motores, abandonada e destruída na Chácara São Miguel (zona sul), está longe de parecer a Central de Moagem que, de 1994 a 1998, livrava a cidade do entulho, processava e transformava o material em blocos de alvenaria, pedriscos, areia e pisos para calçamento, reduzindo gastos públicos.

Restaram apenas as estruturas sucateadas e um monte de areia – o último material produzido pela usina. Enquanto o patrimônio público se esvaiu no descaso, Londrina não consegue resolver o problema de centenas de pontos de descarte irregular de Resíduos de Construção e Demolição (RCD).

Pequenos geradores despejam entulho em vias públicas, pés de árvores, postes, terrenos e vales poluídos, enquanto grandes geradores - construtoras e caçambeiros - empilham os RCD numa pedreira na zona leste onde, sem utilidade, degrada e forma um dos maiores passivos ambientais de Londrina.

A antiga Usina de Moagem deixa lembranças: o entulho que hoje se acumula pela cidade é o mesmo que serviu para erguer 323 casas populares na Vila Marísia (região central).

Nos seus últimos dias de vida útil, no início da administração do ex-prefeito Antonio Belinati, o ritmo de produção já não era o mesmo do começo – de 1.300 blocos por dia, passou a produzir apenas 350. Além da máquina principal, constituída por peneiras e trituradores, outras cinco máquinas de prensagem de blocos estão paradas – sem os motores, assim como duas betoneiras. O local que hoje é só mato já foi movimentado por mais de 30 trabalhadores, mas fechou devido a uma infeliz conjunção de fatores.

Em 2000, o Ministério Público entrou na Justiça para readequar a usina, que causava poluição atmosférica, barulho e aglomerava catadores em busca de recicláveis no meio do entulho. Ao mesmo tempo, a Prefeitura de Londrina era obrigada a acabar com a Frente de Trabalho, no primeiro mandato do prefeito Nedson Micheleti (PT). O suficiente para que a segurança do local, composta por seis guardas, fosse dissolvida e o patrimônio público ficasse ao léu.

"Vi quando roubaram um dos motores elétricos, de 3 mil quilos, com um caminhão. Achamos que era até funcionário da Prefeitura", lembra Jair Gonçalves Feltrin, 57 anos, hoje na Central de Prensagem e Venda (Cepeve), que funciona no mesmo lugar. "Todo mundo foi embora e desmantelou tudo", diz Benedito Catarino, 61 anos, ex-guarda, ex-fiscal e ex-porteiro do local. "Foi tudo roubado: os motores, fios de cobre, alumínio. Uma falta de consideração com o trabalho da gente. Agora ficou aí: uma imensidão de dinheiro perdido no meio do mato", lamenta o ex-funcionário. "Um desfalque, não é?"

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