
Londrina - O Programa Municipal Respira Londrina produziu a prova de que a atenção básica a pacientes pode não solucionar, mas diminui a superlotação dos hospitais. Desde que foi implantado, há seis anos, o programa reduziu pela metade o número de internações de pacientes com asma uma doença genética, caracterizada pela inflamação das vias respiratórias.
Desde 2003, a equipe do programa descobriu que ensinar médicos, pediatras, enfermeiras, especialistas, auxiliares e agentes de saúde traz mais respostas do que intervir no paciente quando ele já está no hospital ou na fila de espera pelo atendimento de urgência.
Em dois anos, o programa reduziu a necessidade de nebulização que caiu de 144 mil atendimentos para 98 mil entre os 55 mil pacientes. No mesmo período, a procura por médicos especialistas passou de 518 consultas para 186 (60% a menos). O tempo de espera pelo atendimento médico especializado reduziu de seis meses para duas semanas. As internações caíram pela metade: passaram de 104 casos por 100 mil habitantes para 53 internações a cada 100 mil. Os pacientes foram identificados e cadastrados e o programa bateu na porta de 5.510 pessoas no período.
"Refletiu em tudo", comemora o pneumologista Alcindo Neto, um dos responsáveis pelo programa. Ao ensinar mais de mil profissionais de todas as 54 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da prefeitura a identificar os pacientes de asma individualmente e a acompanhá-los com reuniões rotineiras, visitas no domicílio, melhor orientação no uso dos medicamentos, a equipe reduziu os gargalos do atendimento na ponta. Assim, o Pronto Atendimento Infantil (PAI), a unidade no Jardim Leonor e os dois hospitais estaduais que nunca conseguiram absorver a demanda comum de atendimento geral tiveram redução na procura por pacientes asmáticos.
Entre os pacientes atendidos em unidades de saúde onde o programa foi bem recebido e encampado pelos profissionais, os resultados ainda indicaram a diminuição da necessidade de medicamentos como broncodilatadores (que amenizam a crise momentaneamente) e corticoides inalatórios. "É um modelo que serve para todas as outras doenças", diz o pneumologista.
Paciente
Na casa da aposentada Vera Lúcia de Almeida não havia animais, não havia cortinas e nada que pudesse acumular a poeira, sempre muito prejudicial para o seu neto, Mateus Henrique Mazeto, 12 anos, que sofre de asma. Desde que nasceu, o menino tinha a saúde comprometida pela doença e qualquer mudança de temperatura era motivo para que eles corressem para o hospital. "Teve um ano que meu neto teve sete pneumonias. Parecia que não ia sobreviver", conta.
Há pouco mais de um ano, Mateus começou a participar do programa na UBS do Jardim do Sol (zona oeste). Com o controle da doença o menino pôde visitar a mãe, em Portugal, depois de muitos anos. "Fiquei com medo dele voltar doente, mas nada aconteceu", comemora a avó.



