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museu do holocausto

Acervo levará visitantes a imersão em drama judeu

Primeiro museu brasileiro sobre história dos judeus na Segunda Guerra abre no próximo domingo, em Curitiba

Miguel Krigsner e o museu, planejado ao longo de dez anos para homenagear os mortos e ensinar diversidade aos vivos | Felipe Rosa/Gazeta do Povo
Miguel Krigsner e o museu, planejado ao longo de dez anos para homenagear os mortos e ensinar diversidade aos vivos (Foto: Felipe Rosa/Gazeta do Povo)

Um pedaço do Torá – conjunto de livros que constituem o texto central do judaísmo –, a réplica de uma boneca que resistiu intacta à guerra, um tecido em formato de estrela usado para identificar os judeus nos campos de concentração. Esses são alguns dos objetos que farão parte do primeiro Museu do Holocausto no Brasil, com sede em Curitiba, que será inaugurado no próximo domingo. O espaço homenageia os milhões de judeus vitimados pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial, bem como estimula a reflexão sobre um dos episódios mais trágicos da história do século 20.

Construído na Sinagoga Beit Yaacov, o Museu do Ho­­locausto foi idealizado pelo empresário Miguel Krigsner, que perdeu grande parte de seus familiares naquele período. De acordo com ele, foram necessários dez anos entre a concepção do projeto e sua concretização. "Era uma ideia de difícil materialização, porque exigia uma pesquisa profunda e a busca do acervo", disse Krigsner durante a apresentação do mu­­seu à imprensa, na manhã de ontem.

O visitante que for ao Museu do Holocausto passará por três espaços. O primeiro, no ambiente externo, terá peças em bronze do artista australiano Andrew Rogers retratando a vida nos guetos. Na sequência ele passará por um "túnel de imersão", onde imagens e sons remeterão ao ambiente dos campos de concentração. A partir de então começa um conjunto de sete núcleos temáticos que, por meio de painéis, fotos, projeções em vídeo e objetos, apresenta em ordem cronológica a vida dos judeus do pré ao pós-guerra. "A intenção é de que as pessoas vivenciem o percurso tortuoso pelo qual passaram essas pessoas", diz Maria Eu­­gênia Saturni, diretora da Base7 Projetos Culturais, responsável pelos projetos museográfico e expográfico.

Noite dos Cristais

Entre os objetos que poderão ser vistos em Curitiba está um fragmento de Torá queimado durante a "Noite dos Cristais". Esse é o nome dado aos atos de violência contra judeus que ocorreram na noite de 9 de novembro de 1938 em diversos locais da Alemanha e Áustria, então sob o domínio dos nazistas. "Creio que este é o objeto mais precioso do museu", resume Tatiana Ferraz, historiadora e pesquisadora da Base 7. A peça foi doada pelo Yad Vashem, o Museu do Holocausto de Jerusalém (Israel).

Também serão expostos uma estrela usada pelos judeus para identificação nos campos de concentração e a réplica de uma boneca, entregue por uma criança judia a uma família polonesa e recuperada após a guerra. Será exibido ainda o fac símile de um jogo de tabuleiro que trazia a planta do gueto. "Esse jogo era utilizado pelos pais para orientar os filhos – separados nos guetos – e para ensinar a eles como sobreviver", diz Denise Hasbani, cientista política que participou do projeto.

Para os organizadores do museu, uma das razões que levaram Curitiba a sediar o empreendimento foi o fato de a cidade contar com uma numerosa comunidade judaica.

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