
Brasília O acidente de ontem deve estender os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Crise Aérea na Câmara dos Deputados. Prevista para acabar no dia 3 de setembro, ela pode acabar apenas em dezembro. "A tragédia está relacionada com a crise em um aeroporto emblemático para o país e, portanto, precisaremos nos debruçar sobre ela", disse o relator da CPI, deputado federal Marco Maia (PT-RS).
O parlamentar gaúcho estava em Brasília, mas não descartou a possibilidade de que membros da comissão viajem a São Paulo hoje. Ele preferiu não falar sobre os motivos do problema. "É lamentável que estejamos sofrendo mais uma vez um acidente dessa envergadura, mas a preocupação maior neste momento é com as famílias das vítimas."
Há um mês, Maia e outros deputados fizeram uma vistoria às obras de Congonhas. "Verificamos a obra e sua execução como um todo. Na oportunidade, ela estava sendo bem feita e dentro dos prazos. Mas fomos com o olhar de parlamentares, não de especialistas no assunto."
Companheiro de bancada de Júlio Redecker (PSDB-RS), ele lamentou a presença do colega no avião. Para o petista, Redecker era um parlamentar "exemplar". Curiosamente, o tucano era amigo pessoal do ministro da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito.
O deputado paranaense Rodrigo Rocha Loures (PMDB), suplente da CPI, foi mais enfático nas declarações. Segundo ele, a responsabilidade da recém-inaugurada pista de Congonhas é da Infraero. "O brigadeiro José Carlos Pereira (presidente do órgão) precisa ser demitido. Foi ele quem deu o aval para liberar a obra", afirmou o peemedebista.
Rocha Loures destacou que as investigações do acidente com o vôo da Gol, em setembro do ano passado, serviram para mostrar que uma tragédia aérea não é causada apenas por um fator. "Nunca há só um culpado, mas o reflexo de uma cadeia de erros. Todos já sabíamos que o nosso sistema aéreo apresentava problemas. O que parecia apenas uma possibilidade, se transformou num caos total."



