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A falta de uma viga na construção do viaduto do Rodoanel pode ter provocado o acidente ocorrido na noite de sexta-feira (13) quando três vigas caíram sobre a Rodovia Régis Bittencourt, em Embu, na Grande São Paulo, deixando três pessoas feridas. Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo (Crea-SP), José Tadeu da Silva, essa é a possibilidade mais provável para o problema.

O viaduto que estava sendo construído deveria ter recebido cinco vigas. Como uma quebrou quando estava sendo levada para o local, foram colocadas apenas quatro vigas na estrutura. De acordo com o engenheiro, as cinco peças deveriam ter sido postas no mesmo dia para que pudesse ser feita uma amarração entre elas, procedimento que impede o deslocamento das peças.

"Esse procedimento [colocar só quatro vigas] não é recomendado tecnicamente. O melhor era que deixasse as quatro vigas no chão e esperasse a quinta para colocar todas", afirmou Silva. Segundo ele, quando não é feita essa amarração, vibrações podem causar o deslocamento das vigas. "O normal é que se coloque as cinco peças para haver o travamento [amarração da estrutura]. A falta da quinta peça pode ter gerado sobrecarga", disse o engenheiro.

O viaduto tem 680 metros. Cada viga tinha 45 metros de comprimento e pesava 85 toneladas. Elas despencaram de uma altura de 20 metros, atingindo dois carros e um caminhão.

As quatro vigas foram colocadas na terça-feira (10). A quinta seria posta no sábado (14), segundo a Dersa, que gerencia as obras. O trabalho de colocação das vigas deve ser acompanhado por um engenheiro. Para o presidente, é pequena a possibilidade de as vigas terem quebrado por falha de material, como um concreto de má qualidade ou que ainda não estava completamente seco.

O conselho abriu processo para investigar o acidente. Desde sábado (14), engenheiros do órgão foram até o local para coletar informações, observar a estruturar e fotografar a obra. Seis profissionais fazem parte da equipe que investiga o acidente.

O Crea-SP quer ouvir os engenheiros envolvidos na obra. Se for comprovado que houve falha dos profissionais eles podem ser punidos pelo órgão. As punições vão desde de uma advertência reservada até o cancelamento do registro do profissional.

Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa da Dersa disse que estava preparando uma nota para enviar à imprensa.

O Instituto de Criminalística vai investigar as causas do acidente. O governo do estado diz que o cronograma de obras do Rodoanel está mantido e que a fiscalização vai continuar da forma como já vinha sendo feita.

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